Novidade

Este blogue mudou-se. Está agora no facebook. Um dia voltará a viver no blogger, numa casa nova e moderna. Até lá, boas novelas!
Para TODOS os fãs de telenovelas Brasileiras e Portuguesas espalhados pelo mundo.
Portuguese blog about Brasilian/Portuguese tv soaps for fans all over the world.

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terça-feira, 30 de outubro de 2007

Resultados Inquéritos

Caros Leitores,

Tenho uma surpresa para vocês. Os que responderam devem estar lembrados que um dos inquéritos que encerrou pergunta: "qual das seguintes novelas tem o maior número de actores que entraram em Pantanal"? As opções eram: Bicho do Mato, Essas Mulheres, Agora é que são Elas, Quem é Você, 5º dos Infernos, Coração de Estudante e Fera Ferida.

Todos os inqueridos responderam Bicho do Mato. A resposta está... ERRADA!

Pois é! Podem ir confirmar! Este inquérito tinha truque! E todos cairam na esparrela de achar que "Bicho do Mato", por ser inspirada na outra trama, tinha o maior número de actores que entraram em Pantanal. Mas não.

Na verdade, só quatro actores de Pantanal entraram em Bicho do Mato: a dupla de cantores Sérgio Reis e Almir Satter, Paulo Gorgulho e Ewerton de Castro. Quatro é também o número de Coração de Estudante e Quinto dos Infernos. Até mesmo "Fera Ferida" teve mais actores: cinco. Cássia Kiss (Ilka), Paulo Gorgulho (Ataliba), Cláudio Marzo (Orestes), Marcos Winter (Cassi Jones) e Ewerton de Castro (Gusmão).

E a vencedora é... por exclusão de partes... ESSAS MULHERES!

Pois é! A novela Essas Mulheres contou com o impressionante número de 7 actores que também fizeram Pantanal. Quem acompanhou de perto esta bela novela de época, deve se lembrar, pois foi a vê-la que me diverti a imaginar o processo de selecção de elenco. Eis os nomes:

Paulo Gorgulho (Lemos/José Lucas/Leôncio)
Luciene Adami (Professora Ordália/Guta)
Marcos Winter (Eduardo Abreu/Jove)
Ingra Liberato (Marli/Madeleine)
Tânia Alves (Filó/Firmina)
Ewerton de Castro (Peão Quim/Ministro Duarte)
António Petrim (Inácio/Tenório)

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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

REMAKE ou RE-EXIBIÇÃO ?

Faz pouco tempo que entendi porquê se fazem remakes. É que os donos da TV, sempre hávidos por audiências, querem conquistar o público jovem e atiçar a nostalgia do não tão jovem. De modo que repetir uma fórmula de sucesso, com actores que hoje são jovens e atribuir uma nova dinâmica e modernidade, é a fórmula para as receitas que todos procuram. Um risco calculado, com boas garantias. E assim, surgem os remakes.

Na actualidade, os jovens na casa dos 12 - 16 já ouviram falar de produções como "A Escrava Isaura", "Pantanal" ou "Dona Beija", mas alarga-se cada vez mais a massa jovem que não viu estas novelas. Se as mesmas forem re-exibidas, os jovens reconhecem os rostos já mais envelhecidos dos protagonistas e conseguem identificar a idade do produto também pela técnica. A adesão não promete ser tão fantástica como a que se teria na hipótese de um remake. Também aqueles que viram e gostaram, apesar de possuirem um sentido crítico apurado, têm curiosidade e certamente irão acompanhar a trama. Logo, pensando como um empresário, porque não?

Bem, eu devo dizer que aguardo as reexibições mais do que aguardo estreias. Absolutamente adoro ver novelas de que gostei, com os mesmos protagonistas e recordar aquelas imagens, frame a frame. Reconheço-lhes as falhas e defeitos que o tempo sublinha, entre outras características mais ou menos fantásticas e adoro.

Julgo que há um mercado igualmente gigantesco de público que só quer ver reexibições. Há uns tempos tinha a mesma opinião sobre séries de TV e sua venda em DVD. Não havia nada no mercado e era a única coisa que me interessava nesse formato. Agora vejam só o mercado que tem! Com novelas passa-se o mesmo. aliás: Até mercado para DVD as mesmas têm. Só burro não vê. Mesmo!

DONA BEIJA foi a última menção que ouvi em relação a Remakes. Não sei se vai para a frente ou não, até porque a questão dos direitos deve ser um obstáculo de respeito para contornar. Mas talvez não seja um obstáculo tão grande quanto aquele que existe para a REEXIBIÇÃO. É que espero por "D. Beija", a feiticeira dos Araxás, há mais de uma década.

Sendo propriedade da Manchete, uma empresa há muito falida, devem existir questões que tornam dificeis as reexibições dos produtos desta estação. Excepção feita para a novela "PANTANAL", não sei ainda bem porquê, quem adquiriu os direitos de exibição, mas é a única produção da extinta Manchete que ainda corre nos canais mundiais. ONDE PÁRA D. BEIJA? Porquê o público ávido não a pode voltar a ver?

Actrizes aspirantes ao papel de Beija, talentosas e com outras qualidades estéticas a que o papel obriga, até acredito que são inúmeras. Mas nada pode ser igual à magia que queremos recuperar na memória. Porque essa pertence àquela produção, àquela equipa, a Maitê, á sonoridade fantástica, aos figurinos e à direcção que resultou naquele produto. Outra Beija? Até pode ser. Mas antes, matem-nos a sede da original. Queremos "D. Beija" da TV Manchete no ar novamente! EM PORTUGAL!

LISTA DE ALGUNS REMAKES E MINHA APRECIAÇÃO:

1) Irmãos Coragem: comó já fiz parte dessa geração que não viu o primeiro, posso dizer que gostei, talvez mais pela fotografia do que por qualquer outra coisa, deste Remake.

2) Escrava Isaura: detestei. Não: de-tes-tei! Assim é que forneço o devido ênfase ao desapreço deste remake feito pela TV Record. Não é por ser aquele tipo de fã incondicional das novelas originais, ou das actrizes que viraram celebridade após um papel de sucesso. É por não ter mesmo gostado das interpretações. E aquela Isaura... brrrr! Que horror! Não aprecio quando uma actriz que faz um papel onde se tem de mostrar virginal, pura e inocente, tem ar de tudo menos isso! Esse trunfo reconheço e devolvo a Lucélia Santos.

3) Sinhá Moça: não gostei. Mais uma vez, a "culpa" está na protagonista. Mais uma vez, não me parecia inocente nem magnânima e uma cena em que supostamente a sua candura e gesto de carinho para com um escravo torturado o faz admirá-la, desaparece totalmente no remake. É forçado. Está no guião, conhece-se na história, mas não está no sentimento da cena. Atenção, adorei o protagonista masculino. Dalton de Melo esteve muito bem. Gosto mais dele do que de Marcos Paulo, que aliás, não gostei de ver neste papel pois sempre pareceu, mais em jovem do que agora, passar um ar de arrogância ás suas personagens que não combinava com o "Rodolfo" de Sinhá Moça.

English Version:
I now understand why remakes are done. In desperation for ratings, TV owners have interest in conquest the young public that have heard about this our that soap, but are to young to have seen them. A re-exhibition doesn’t offer the same promises as a re-done. The product is old, the age of the protagonists is much younger that actuality and also the technique used reveals a certain product age. Besides this, a remake will give it a fresh look, a modern one, with young faces from actuality that can after bring their success to other productions. Even those who what the re-exhibitions have curiosity in watch a new version. So, the profits are much more appealing than reruns.

I for myself have to confess I egger for reruns more that for new comes. I just love to go back and watch the same product I once enjoyed. I can recognize the flaws, the good and the bad that time has the ability to underline, but love it anyway.

In my opinion there’s a huge large marked for soap on DVD. It’s amazing no one starts profit from this! It stunning and dumb! I’ve once felt the same about tv-series, and now anyone can see the space they occupied in the stores and the success of them.

The last rerun I’ve heard there was some interest on making, is the mini-séries Dona Beija. I don’t know if is true or how is going but will be difficult to satisfy the public that connect the image of Maitê so much with the character. There’re lots of god talented young actresses for it, I’m sure. It could be a success. But, what about the original D. Beija? Where is this amazing passionate story of the extinct tv-Manchete? Why is it not rerun?

Pantanal, seems to be the only Manchete product that keep on being showed. I don’t know who as the rights for it but, bring us back D. Beija! And in Portugal!

My appreciation of some remakes:
1) Irmãos Coragem: I’m already part of the second generation and haven’t seen the first version, probably made in the year I was about to be born. But I liked this second one, more so for the amazing photography that anything else.
2) Escrava Isaura: Hated it. No: H-a-t-e-d! Let me give it the wright emphasis. This Tv Record version have poor acting performances and poor directing decisions. But what I hated the most was the leading female actress. I´m sorry for that, but is true. In my view is a very bad performance. But what I criticise even more, is the lack of innocence and purity of this “Isaura”. That credit I have to attribute to Lucélia Santos (the actress of the original Isaura).

3) Sinhá Moça: didn’t like it. Again, much of it goes to the leading female actress performance. She didn’t convince me as the character. Again, there seems to lack innocence and a naive posture to this supposedly virginal and inexperience young women. A doll face is not enough! There’s a energy in the eye, in the posture, that I miss. I couldn’t be happier about the male protagonist, thought. Dalton de Mello delivers a believable young man from that century and I enjoyed is performance much more that the one original performed by Marcos Paulo, who gave is Rodolfo a presumption or arrogance that the character was not suppose to have.

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sábado, 27 de outubro de 2007

DONA BEIJA - Novela e Figura


Quando vi esta mini-série de Manchete, era uma menina, a entrar na adolescência. Preciso realçar que o que me cativou na sua apresentação foi o ênfase dado ao facto de se basear em factos reais. Ou seja: esta mulher de alcunha "Beija", nome sugestivo para a nossa década, existiu na realidade e a história que estava a acompanhar, era essa verdade contada no ecrán.

A figura fascinou-me. Procurei informações sobre a verdadeira Beija. Quis aprofundar o que vi na ficção e separar alguma fantasia da realidade.

Não é fácil conseguir obter informações sobre uma figura estrangeira numa altura em que não existe internet. (Sim, por incrível que pareça, a civilização já existiu um dia sem a presença da internet, e vivi nesse tempo). Basicamente, a minha única fonte foi o que a imprensa, também ela fascinada pela história baseada em factos reais, publicou. Pouco destaque deu, mas o dado foi todo absorvido por mim. O que a imprensa escrevia a respeito dos factos por detrás da história e o que os autores e produtores da série comentavam. Queria ver uma imagem real de Beija, porque tinha cá para mim que a verdadeira Beija não seria fisicamente parecida a Maitê Proença. Tinha uma imagem na minha mente. Uma muito ligada aos padrões de beleza de antigamente: a mulher de formas redondas mas não gordas, de cintura menos fina e com ancas predominantes, de perna curta e barriga redonda, rosto arredondado com bochechas, lábios bem definidos e pequenos, como os quadros de antigamente pintam as mulheres. E imaginei-a dotada também daquele timbre de voz doce, fina, sussurrante, que encanta com qualquer som que emita.
Conheci poucas pessoas que instantâneamente conquistavam a simpatia apenas pelo tom de voz angelical que projectavam. Por acaso, de anjo tinham muito pouco mas o importante é que, não o sendo, tinham uma voz que imediatamente fazia estranhos tirar essa conclusão. D. Beija também deve ter possuído semelhante ferramenta de encantar. Ou não seria apelidada de "Feiticeira", sendo que costumava (en)cantar na chácara do Jatobá.

Eis que descobri que a sua imagem não ficou preservada. Existem retratos, todos eles feitos por artistas ou admiradores póstumos. E Beija surge retratada conforme a descrição da sua beleza, mas não por alguém que a tivesse visto e conhecido. Vi no entanto, uma figura pintada em azulejo, de uma mulher a terminar de se banhar perto de um rio e pensei: esta deve ser a imagem mais aproximada da verdadeira Beija. A gravura carregava uma certa áurea e correspondia á imagem mental da minha mente.

Não sei porquê esta curiosidade, este fascínio, mas devo esclarecer que não se tratou de algo fanático, embora fosse algo compulsivo. E totalmente íntimo. Nunca ninguém soube desta pesquisa, até agora! Descobri que teve duas filhas (e muitos netos), uma das quais se casou e veio morar para Portugal. O que me levou a pensar onde estariam os seus descendentes hoje. Por incrível que pareça, quase me convenci que tinha, por acaso, descoberto um! Uma rapariga, adolescente, que por acaso surgiu do nada lá na escola do bairro. Correspondia fisicamente ao desenho dos azulejos e conseguia chamar a atenção de todos os meninos, com um certo prazer que não disfarçava. Acho que era mais essa "áurea" energética que algumas pessoas carregam que me fez estabelecer uma relação. Depois fiquei a saber de um facto curioso sobre sua família e pensei: Ora esta! Até que pode ser ela! Enfim, imaginação fértil de uma menina fascinada por uma história.


Num determinado ponto da história contada pela TV Manchete, o comportamento de Beija decepciona-me. Quando ela manda matar o amante, e sente remorsos depois. Devo confessar que aqueles remorsos não me pareceram ligar bem com a relação dos dois. Quando as coisas chegam aquele ponto, seca tudo e não há sentido de culpa. Aquilo não me caiu bem e quando li mais tarde na imprensa, o autor e o director comentarem que na realidade, a verdadeira Beija nunca mostrou sinais de arrependimento, mas fizeram-na arrepender-se na série para a tornar mais humana, fez sentido para mim.

A verdade é que nunca se saberá quem foi a figura na vida real. Já pouco se sabe daqueles que vivem no nosso tempo, ao nosso lado, na nossa casa, quanto mais tentar adivinhar quem foi uma figura que viveu no século XIX. Mas se o que a fantasia nos trouxe sobre a essência de Beija tiver o seu fundamento, é um misto de pessoa fascinante, cruél como muito era de costume no século XIX onde a nobreza possuia escravos e dona de uma energia sedutora que soube utilizar muito bem e esconder quando começou a esmorecer. Criou-se o Mito.

No meu entender, sempre imaginei Beija uma mulher que, como tantas outras, gosta de sexo e de atraír homens. Não deve ter sido em nenhuma altura aquela mulher recatada, que fica a aguardar o casamento, para se entregar e ter filhos. Embora seja muito credível essa primeira parte contada pela mini-série. Ela mesma filha de uma mulher que não era casada e nem o nome do pai de Beija tinha para a registar. Talvez não tenha sido muito bem aceite na sociedade, afinal as origens eram por demais inaceitáveis para sequer ter sido noiva de alguém com estatuto. Deve ter sido ambiciosa e sonhado em subir de vida ao se relacionar com alguém de posses ou poder. Ainda é o que mais se vê por aí nos dias de hoje! Se calhar teve logo um filho antes mesmo de se tornar conhecida. Um acaso a deve ter elevado ao estatuto de pessoa benemérita para a cidade. De pecador a santo, qualquer um é rapidamente elevado ainda hoje. Tão facilmente nos acusam, como nos erguem estátuas. No fundo, a sociedade muda pouco nos seus alicerces! As filhas de Beija, as registadas pelo menos, casaram ambas com pessoas influentes.

O que foi Dona Beija, a mini-série, para si? Escreva um comentário!
English version:
I was in my early teens when I saw this mini-series. What captured my curiosity was the real life figure inspiration. I’ve searched information about the real Beija. There weren’t many, in the age of no internet. But even so, the press published something that clarified me. What was true, what was fiction?

Is difficult to say when we are talking about XIX century figures that became a local legend and lived on in stories telling. But taking this great production as the truth, she was just a female, gifted with beauty and natural seduction qualities.

I imagined her quite different from Maitê Proença´s looks. Although the actress gave in a great presence, I figured that the real Beija must have had a look more according to that time and era. A female in round shapes, but not fat, kind of petite, delicate appearance, with well shape lips and small mouth, nice bone checks, harmonious face and gifted with the ultimate weapon that is a angelical voice in a women.

In my research I found out there is no picture of the real Beija. What exists- statues, pictures and drawings came from artist’s imagination, years after. They created the myth.

This image painted in tiles, however, capture my attention and I figure that, the real life Beija must have looked very similar to that.

In real life, there is no prove that Beija felt remorse after having António killed. That actually pleases me because, the way the story had been told to that point, I don’t believe she would. Although is very convincing and well done, immediately after the order is given and the result expected, she would not regret anything, for sure. After all, he tried to do the same. That’s bad love for you!

What did you felt when watching D. Beija? Please, comment!

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Barriga de Aluguel - maternidade e família. O que é isso?

Em 1991 foi para o ar aquela que foi até hoje a novela que mais apreciei escrita por Glória Perez: Barriga de Aluguel. A trama consiste numa mulher, Ana (Cássia Kiss) que quer muito ter um filho biológico. Incapacitada, decide recorrer, através da clínica e do médico Baronni (Adriano Reis) à inseminação do seu óvulo no útero de uma outra mulher (Claúdia Abreu).

Passados tantos anos, será que alguém ainda duvida que o filho fosse de Ana? Mesmo durante a exibição da polémica novela, em que as opiniões se dividiram no Brasil, ocorreu um sinal de como a questão ia ser encarada futuramente: surgiram muitos anúncios nos jornais para barrigas de Aluguer.

Actualmente, nos EUA principalmente, há quem faça disso um modo de vida. Existem mulheres que se dizem felizes e complectas ao passar de gravidez em gravidez de crianças que depois dão aos casais que as encomendaram. É claro que nesse país, ao contrário do que acontece aqui no Portugaleco, elas são pagas. Será que é isso que as leva à generosidade?

Faço um aparte por este assunto tocar num aspecto que fere a minha sensibilidade: tanto o homem, como a mulher, contribuiem para a reprodução humana de outrém. Mas enquanto ao homem basta-lhe um momento de ejeculação que depois transporta num copito, a mulher tem de se submeter a tratamentos dolorosos, prolongados, levar injecções, tomar drogas... e se fôr para retirar uns óvulos, podem imaginar que o procedimento cirúrgico, não é agradável. No entanto, pede-se à mulher que o faça apenas pela sua generosidade maternal, enquanto que o homem, durante décadas, fez o seu contributo "generoso paternal" em alguns casos com bastante frequência individual, a troco de dinheiro. É conhecido que muitos suportaram suas despesas surperflúas com doações de sémem. Um só homem deve ser pai de mais de 100 crianças "generosamente" doadas a um banco de esperma a troco de dinheiro para o carro, os estudos, a renda da casa, uma viagem ou uns copitos no bar. Crianças estas que, em tanto número, podem se encontrar na vida, se envolverem e assim praticarem incesto sem o saberem, sem conhecerem o risco de gerar uma criança. A estes gananciosos homens, com uma perspectiva prática e fria, deram dinheiro. Há mulher, que passa por um procedimento em que realmente SENTE no corpo DOR, que o faça de graça. Também não sou tão a favor disso. Há limites!

Ora cá fica um excelente tema para ser abordado pela constante autora de assuntos relaccionados com a maternidade, Glória Perez. A tecnologia trouxe-nos esta maravilha de, a partir de agora, uma grávida não carregar um filho biológico e não se saber se se namora irmãos. Olha o sucesso!

No novela, a personagem "Clara" mexia com meus nervos. Era agressiva, colocava-se numa posição de vítima, e usava as pessoas à sua volta, que só faziam era se envolverem nos seus problemas. Também era um tanto estúpida, como muitas vezes jovens idealistas com muita fantasia na cabeça, sabem ser.

Confesso que a detestei. Mas não era só por isso que tinha uma tendência por Ana. A minha razão legitimava o acto. O bebé tinha o sangue dos pais nas veias. Teria as suas feições e ainda por cima, a sua hereditariedade: doenças, tiques e maneirismos. Não há como negar. Agora, os laços de parentesco perdem valor se os pais que têm filhos não sabem respeitar uma criança. Aí não há afecto, não interessa a biologia.

"Ana" tinha também o meu "voto", por ter sido brilhantemente interpretada por Cássia Kiss. Afecto não lhe faltava. Passava um sofrimento enorme através do ecran, e a sua revolta com a situação fazia sentido. Além de tudo, o marido acaba por a abandonar para ficar com a outra! Que dose! E depois quer adoptar uma menina, coisa que Ana não é emocionalmente capaz de fazer até resolver a questão de seu filho legítimo.

QUAL O CONCEITO DE FAMÍLIA?
Ao longo dos tempos, crianças têm sido criadas por terceiros. Quantas vezes não se escutou a frase: "eu sou filha de X, mas a Y é que me criou. Ela é como se fosse minha mãe". Muito mais comum nos tempos de pobreza e pouco desenvolvimento industrial, mas prática habitual. As crianças viajavam de casa de parente em casa de parente, ás vezes para viver por uns tempos, acabando por ter um contacto mais reduzido com os progenitores. Existia um conceito de "família" mais alargado. Hoje tudo é mais individualista e monoparental. As crianças vivem até a idade adulta com os pais, muitas vezes sem oportunidades de períodos de afastamento, o que não é tão saudável. E os pais, com ou sem consciência, acabam por colocar os filhos o dia todo na escola, depois em alguma actividade extra-curricular, só depois vão todos para casa, onde não há tempo para conversar, põem os miúdos em frente da televisão, estão ocupados com o jantar para ter paciência para lhes dar atenção quandos estes não querem a TV, querem a mãe ou o pai. Enfiam a comida goela a baixo para se certificarem que cuidam dos seus, cinco minutos de liberdade, e cama. Aos fins de semana, desesperam por ter um (1) filho a pedir constante atenção e revezam-se, pai e mãe, em separado. Isto quando já não estão separados.

O conceito de "família" não foi por isso, sempre aquilo que pensamos que foi e deve ser. Existem muitas variações e acredito que mais virão, com filhos de homossexuais ou bissexuais, gerados com a única finalidade de serem um veículo de amor que, convenhamos, é o que uma criança precisa. Já temos uma geração em massa de crianças de pais divorciados e infelismente, muitas e muitas abandonadas e maltratadas, em instituições ou dentro da casa dos progenitores. Se aprendi algo a este respeito, é que não existe um formato que seja o correcto. Pensa-se que existe. Mas nunca existiu! Cada qual terá de encontrar para si o seu conceito de família, e não se prender ao formato em vigor que, embora seja muito apelativo, a história prova que nunca esteve ao alcance de todos.

English Version:
In 1991 went on air the soap that still to this day is my favourite one wrote by Glória Perez:
Barriga de Aluguel. The story is about a women that wishes to have a baby but can’t. She and her husband then decide to visit a fertility clinic where they propose to collect an egg and deposit in another women womb.

Very common these days, it doesn’t shock anyone anymore but back then people had doubts about who the mother was, since bough women said they were. Of course, the plot gets thicker when the paid women as the child and complications make her also infertile. It ad to be like that in a way that something to confuse people had to be launched in, other wise spectators would just say: she can have another and a biological one. What, by it self already clarifies who’s the mama.

Mainly in the USA and in the UK, there are women who make this jester a kind of profession. Women that are always pregnant of someone else’s child. And by a small (?) fee, keep on delivering babes like they where the stork. I write like this, but there’s no censure attached.

Actually, the difference between the treatment men and women receive when they bough contribute for someone else family disturbs me. While the man as been, for decades, being paid without questioning for is contribution – that consists in a non sacrificed jester of ejaculate to a cup, women are being expected to do their contribution for free. And the difference is that they suffer. They feel pain in their bodies, they have to take injections and drugs to became more fertile than usual, and gives a constant painful sensation during that long period of time they submit to it. And what do doctor ask and expect from them? Do it for free. What a peace of injustice!

I can comprehend the free argument, but don’t agree with it. If women wishes to do it like so, is fine. But I don’t see why shouldn’t she have some kind of monetary compensation, especially when she suffers. Unlike men. They feel pleasure! So why do the medical community impose to women that they are bad persons if they don’t do it for free? Discrimination? And this only thinking about those women that contribute with an egg to be fertilized and implanted in another woman. If we’re talking about the women that carry the baby for 9 mouths, having to be submit to more test than a normal mama, it a very clear injustice!

Men have been given sperm for decades now, and being paid for it. Many went trough college with sperm money. Others paid a car, some parties in the bar, debts… and with hundred of contributions a single man can made, they also can be the fathers of 100 babies. Babies that later in life, can find each other and fail in love, delivering they on babies… what a story! A good new topic for Glória Perez!

IS THERE A CONCEPT OF FAMILY?
Since the beginning of time, children have been raised by women that were not necessary there mother, although they had a present one. “She raised me, it’s like she was my real mom” – is a common spoke phrase. But is more so related with the past, when women stay at home and men went working out. Women stayed in and raised they children, and sometimes other children too. It was common to children to live a period of time in the house of some relatives, what provided a distance between the biological parents that in a way can be healthy for bough sides. Today families got more monoparental. There’s a single child with no brothers to play with, that goes to school at 6 moths old, gets home late, has dinner and goes to bed, sometimes having a reduce time to be with the parents. There’s also many separated parents and there has always existed the single moms and the grannies.

Therefore, the real concept of family was never the “Hollywood 60`s” type. There’re many variations, and there will always be. I believe that we will start to see more children being adopted or generated for or by homosexual couples and many born with the help of test tubes for a single mom. We already have a generation of children born from divorcees or just casual acquaintances. There’re the abandoned and abused ones living in institutions or in the family house. So, if a lesson can be extracted from this realities, is that there has always been different types of family. We should find out witch is ours and be true to it. What is important is to bring up children wright and with love and support. How will that work for you?


Complete sound track/álbum sonoro complecto para download: http://rapidshare.com/files/12122782/1990_-_Barriga_de_Aluguel_-_Nac_-_by_SC.zip.html

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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

ATENÇÃO AOS INQUÉRITOS!

Olá leitores!

Atenção aos inquéritos colocados neste blog. Alguns já tiveram boas participações, mas quanto mais melhor! Aproxima-se a altura de fazer um apanhado e dar as respostas ás questões colocadas. Qual a melhor abertura? Qual a melhor novela de época? Qual a/o pior actor/actriz de VAMP? Vá dando a sua opinião. Basta clicar!

Estou surpresa com o bom gosto demonstrado! Está sendo um prazer receber um feed-back vosso! Melhor, só se deixassem de ter preguiça nos dedos e desatassem a escrever comentários! Vá lá! É a trocar impressões que a gente se diverte! Para isso criei este blog.

Obrigada a todos o que já o visitaram.

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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

CLUBE DO BOLINHA


Modelos e Bonitinhos não entram!

Alguma polémica tem surgido, de tempos em tempos, no universo das novelas, sobre a colocação de pessoas sem grande ou nenhuma formação como actores de novelas em papéis com ou menos destaque. Alguns manifestam-se claramente contra. A maioria não é tão directa e outros ainda, convencem quando dizem não ter problema algum.

Eis exemplos de boas actrizes que têm um passado noutras áreas (ou em nenhumas). É o caso de Mónica Carvalho, Cristiana Oliveira, Isadora Ribeiro, Betty Lago ou Sílvia Pfeifer. Também se dão os casos de “descobertas”, pessoas que foram abordadas na rua e sem qualquer experiência prévia, ou semelhante, começaram a representar em novelas. Aconteceu com Carolina Dieckman e Viviane Pasmanter.

Devo confessar que, no meu ponto de vista, também não tem problema algum. E já vou dizer porquê. Talento não se mede pela profissão que se tem. E é por isso, que não vejo mal algum. Além do mais, quem tem alma de artista, tanto pode um dia querer pintar, esculpir, como dirigir, representar, escrever ou filmar. A arte não se limita a um meio.

POLÉMICAS QUE VIERAM AO LUME:
Fundamentadas ou não, na imprensa surgem notícias de casos de insatisfação com a escalação em novelas. O mais recente talvez tenha sido o de Grazielli Massafera em Páginas da Vida. Por ter participado no Big-Brother, a coisa não foi bem vista. Já no passado casos semelhantes se deram.
Mas o mais flagrante deu-se talvez na novela “Quatro por Quatro”, em que ofensas verbais e agressões físicas foram reportadas nos bastidores, entre Elizabeth Savalla e Betty Lago. Ao que consta, a primeira, detentora de um currículo comprido, sentiu inveja do sucesso da outra, com um currículo curto mas a transbordar de talento. O autor então desenvolveu mais nuances para a personagem de Elizabeth, que iam de negra da favela, a Lady condessa. Uma fantochada! Onde na realidade, Elizabeth só provou que é sempre a mesma, com os mesmos tiques, interprete lá o que quiser.

O que me leva ao aspecto menos falado de todo este criticismo. O facto de existirem actores de renome, com fama criada, que não têm tanto talento assim. Alguns “nasceram e foram criados” no início da época das novelas, quando eram jovens e a beleza os ajudou imenso. Mas não se desenvolveram por aí além. Têm de facto um currículo extenso e merecem sem dúvida todo o respeito. Mas nem todos podemos ser iguais e há uns melhores que outros. Principalmente quando o veículo deixa de ser o teatro para ser a televisão. Isto não devia perturbar ninguém.

O TALENTO SE PERDE?
A meu ver sim. Tal como se ganha, também se perde. Deve ser necessário a um actor o exercício constante, para não cair em fórmulas das quais depois não se consegue regressar. Há casos provados de tal ter acontecido.

DEVE-SE SELECCIONAR PESSOAS?
Não me parece. Sei que existem muitos e bons actores, e é lamentável que não tenham todos iguais oportunidades. Mas a vida é assim em tudo. Uns pouco aparecem e são muito bons, mas vêm a TV como um veículo menor, dizem que a nobreza está no teatro, e só frequentam a televisão quando precisam de dinheiro para uma peça ou de conduzir o público às salas de teatro. Por outro lado, apesar de se introduzirem nas novelas pessoas fora da área, mas do meio, como cantores, apresentadores, jornalistas e novos rostos, também é verdade que lá estão sempre os mesmos. Parece existir espaço para todos e ao mesmo tempo, só para alguns. Muitos autores têm os seus actores predilectos, que colocam sempre nas tramas, o que a meu ver, cansa o espectador. Estou por exemplo, cansada de ver os mesmos rostos com os mesmos autores, a contracenarem entre si.
English version:
During periods of time news about the discontent between already consecrated actors and wanna-bes that came from a different working area, such as model industry or reality shows came up. One of the most talked about must have been the situation between Elizabeth Savalla and Betty Lago in “Quatro por Quatro”. Both women are reported to have insulted and throwned objects to each other between takes. It is said that Elizabeth got jealous of the colleague’s success specially because she came from a model background and had less experience has an actress. Betty was considered a revelation in the role. Complaining about hers, Elizabeth got the actor to develop better characters for her, and the result was a cat-walk of different characters, all of them interpreted in the same way.

So? Is there a legitimate reason to disagree with the introduction of ex-models or media instant tv phenomenals into soaps? I don’t think so. Although I understand the point of view, the reality is that many of the so auto-proclaimed great actors started pretty much the same way. The difference is just the age in win they where introduced to the craft. Being able to work with some legends, having a vast theatre experience in they résumés, they assume they’re within the best. Of course, experience and body work is something to respect. But is not a status of greatness.

Besides many of them when they started out, did also benefit by they looks that shadowed the lack of experience, being allowed to stay and develop the craft was what brought them to improve. Here’s some examples of great actresses that came from other backgrounds or had none what so ever: Mónica Carvalho, Cristiana Oliveira, Isadora Ribeiro, Betty Lago, Vera Fisher, Carolina Dieckman and Viviane Pasmanter. This last two had no experience what so ever when they started out in a mega role on a soap.

Other reason why soaps introduce new and beautiful faces and people with reputation in other areas in their stories is that they want to reach the most audience they can. If a popular singer gets a part on a soap, that will attract that singer fans to the product. If people get curious to see how a major reporter call Marília Gabriela delivers in her first soap, of course television owners won’t close the door on her. (I’ve always been curious about this particular crossing, because the difference here is that Gabriela always received lots of admiration and love from the artistic community that she so passionate interviewed, sometimes admitting having some jealousy and curiosity for the craft. So, how did they deal with another crossing?)

Actually, some actors with lot of prestige don’t show that much talent on television and that is not always because of bad characters, or bad script. Sometimes, they are not so great. Is this simple.

Is true there seems to be television roles for everyone. But other times, the faces are always the same, and that space seems to be just for few. I’m so tired of watching the same actors working with the same authors. The casts start to feel the same and people want renovation. I understand preferences, and working with people that make us give and achieve more. But it can’t be always like that.

Another thing that is starting to upset me as a spectator is that I’m always watching 30 something actors doing the role for younger ones. They still keep on making the young naive, honest type, that only recently left home, and their faces just aren’t there anymore. Although a good acting is pretty convincing and age should not be a killing factor, the fact is that more teen Alessandra Negrini don’t convince me. Especially in double! And never in a heroin role.

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domingo, 21 de outubro de 2007

A ESCRAVIDÃO


A propósito do tópico anterior, em que abordo o perigo de ser “politicamente correcto” de acordo com o que a sociedade dita hoje, mas muda amanhã, vou contar-vos um episódio que presenciei. Numa sala de trabalho com cerca de 15 pessoas, uma vira-se para a outra e pede-lhe para trazer uma pilha de papéis. Como a pessoa já estava a terminar de empilhar uns tantos, saiu-se com esta: Pensei que o tempo da escravidão já tinha acabado!

Silêncio absoluto. Ninguém falou, a pessoa não reformulou o pedido. Ao terminar aquela tarefa, esta segunda pessoa sai da sala e só aí um dos rapazes que tinha sempre resposta para tudo desabafa: “Tás a ver? O que é que um gajo responde a isto? Não pode dizer nada!”.

Tive vontade de responder: “Claro que pode! E não, infelizmente não acabou e ainda o ano passado descobriram uns portugueses escravizados em Espanha, que viviam a pão e água, forçados a trabalhar de sol a sol, a fazer as necessidades na terra e a dormir todos debaixo do mesmo teto, sem colchões ou camas, no chão”.

Tive vontade mas me calei e hoje talvez gostaria de tê-lo dito. Talvez fosse a primeira oportunidade de alguns para reflectir seriamente sobre a questão, ao invés de terem uma perspectiva unicamente formada pela ficção, que se focou essencialmente na altura das descobertas e na escravatura sofrida pelo povo africano. A maioria pensa que já não existe e está erradicada do planeta.

Infelizmente, não. Cada vez mais, aliás, verifico tristemente que não. O que aconteceu foi que a legalizaram! Mas já irei a essa perspectiva.

Já deu para desconfiar que, o que conduziu ao silêncio na sala, só interrompido quando a pessoa sai, é porque dessas 15 pessoas, 14 eram brancas e a que saiu era negra. Também não compreendo esta inversão de papéis, e esta culpa branca ou arma negra. Não sei, nem pretendo classificar. Existe sim, é ainda muitos obstáculos e muito desconhecimento, o que faz com que a escravatura seja praticada, ás vezes com o conhecimento de toda uma nação, e pouco se possa fazer para erradicá-la.

Ultimamente, nos media, vi duas excepções a esta tendência. Que muito me agradaram. Uma foi o lançamento de um filme/documentário(?) inglês, onde o autor fez questão de afirmar que a escravidão permanece em muitos locais e de muitas formas, e é preciso combatê-la e tomar consciência das formas que tomou. Outro caso, foi a chegada da réplica do navio Amistad, em que também um indivíduo envolvido na organização, um americano afro-descendente, repete por outras palavras a mesma mensagem. Fiquei em êxtase!


É importante retirar da mente das pessoas as limitações que os filmes e as novelas criaram sobre o que é a escravidão. Ou melhor: o que foi. Porque muitos desconhecem que ela hoje existe, outros desconhecem que o são, pois nunca chegou a desaparecer com nenhuma lei. Para a maioria, a escravidão aconteceu e terminou. Começou com as descobertas, foi negra e terminou mais tarde.

Na realidade, antes de Cristo já existiam escravos, de todos os credos, cores e nacionalidades. A ficção lá mostra os romanos e suas belas escravas. E este tipo de escravidão, que é basicamente do mais forte e poderoso sobre o mais fraco, não foi erradicada. Contudo, parece esquecida. Não é uma questão de cor, nem de religião, ou nacionalidade. Não foi branco e negro. Não terminou por a humanidade entender a gravidade do seu gesto. Não se pode reduzir um flagelo tão simplesmente. Toda a escravidão é lamentável, um crime aos direitos humanos, mas está muito enraizada em nós.

Numa ilha cujo nome não consigo recordar (desculpem), algures perto de África, existe até uma designação própria (assim como a Índia tem castas -outra forma de descriminação ou classificação social que atribuí importância ás pessoas por estatuto social) que significa ESCRAVO. São meninos e meninas, com poucos anos de idade, alguns até com três, que são vendidos pelos progenitores a alguém para serem seus escravos. Fazem de tudo, são maltratados verbalmente e fisicamente. A escravatura é prática muito corrente em países africanos. Que, conforme podem ver neste endereço da wikipédia ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravatura), também aconteceu de dentro para fora, também quando a procura europeia atingiu o auge durante as descobertas.

Muito podia falar sobre esta questão e dar exemplos de casos que tomei conhecimento, mas já estou a estender este assunto, que tem a ver com novelas, mas não é sobre novelas! É o meu contributo para uma CAUSA SOCIAL. Abrir as mentes, apelar há consciência, tal como a explicação de um brasileiro que escreveu sobre os verdadeiros motivos da erradicação da escravatura no Brasil serem os económicos, abriu os meus. Assim como ficariam cada vez mais abertos olhando para a própria realidade social, o tipo de contratos de trabalho precários pouco dignos e provisórios onde se defendem os direitos das empresas e dificilmente os do lado menos poderoso, o do trabalhador.

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Vi num documentário na TV a reacção de um etíope-descendente inglês (que por ser negro julgava ser afro-descendente) ao descobrir que o nome tribal que tinha acabado de adoptar, de um grande guerreiro com quem se identificava, era afinal um grande colector dos seus para escravizar. No mesmo documentário, vi a transformação de uma mulher afro-descendente que ia à TV inglesa trajando roupas africanas para falar sobre a identidade do «seu» povo, revoltada consigo própria por sentir-se agradecida pelos seus antepassados remotos caírem na escravidão e isso ser a razão pela qual hoje não era ela uma daquelas mulheres interesseiras (assim as chamou), a pedir esmola (assim o disse) que não faziam nada por si mesmas para sair da pobreza em que se encontravam. E nem abordei a questão do tráfego sexual, e dos horrores que percebi que acontecem. Muito pior! Muito pior... Sinceramente, nem quero falar disso, embora seja isso que é preciso todos fazerem.

São outras perspectivas, que abriram a minha consciência, para um assunto que já andava a querer revelar-se.



A escravidão não foi erradicada do planeta, como se pode ingenuamente pensar. É verdade que o comércio de escravos na época expansionista foi massiva. A escravatura era então algo bem definido, visível, era lei. Haviam papéis sociais definidos, atribuídos a cada indivíduo, escravo ou senhor, homem ou mulher, rico ou pobre.

Breve Lição sobre a Escravidão (fonte: Wikipédia)
* A escravidão era uma situação aceite na antiguidade e logo se tornou essencial para a economia de todas as civilizações
*Civilizações como a Mesopotâmia, a Índia a China, o antigo Egipto, os Gregos e os Ebreus tinham escravos mas a sua organização ainda era pouco produtiva.
*Nas civilizações pré-colombianas, os astecas, os incas e os maias, os escravos não eram obrigados a permanecer assim toda a vida e podiam mudar de classe social após quitarem suas dívidas.
*Entre os Incas, os escravos recebiam uma propriedade rural na qual plantavam para o sustento da sua família, reservando ao imperador uma parcela maior.
*Quando em 1415 Portugal conquistou Ceuta era já sua intenção dominar as rotas dos escravos trazidos da África Sub-Sahariana pelos comerciantes beduínos.
* O primeiro lote de africanos escravizados pelos Portugueses foi capturado pelo navegador Antão Gonçalves na costa do Argüim (hoje Mauritânia) em 1441.
* Os Portugueses iniciaram o papel central que tiveram no tráfego negreiro quando começaram a chegar à Guiné, cerca de meio século depois.
* O auge deste comércio deu-se no Séc. XVIII com o comércio dos escravos africanos para o Brasil.
* Foi também no séc. XVIII que Portugal tomou a dianteira na abolição da Escravatura.
* No Reinado de D. José I, a 12 de Fevereiro de 1761, o Marquês de Pombal aboliu a escravatura no Reino/Metrópole e na Índia.
* Verdadeiramente só no séc. XIX é que se finalizou o processo.
* Os primeiros escravos libertados nas colónias foram os do Estado (1854), depois os da Igreja (1856) e em 25 de Fevereiro de 1869 proclamou-se a abolição total da escravatura em todo o Império Português.
* Antes da chegada dos portugueses a escravatura já era largamente praticada no Brasil.
* Os índios escravizavam os prisioneiros capturados em guerras tribais e também aqueles que fugiam de outras tribos.
*Nas tribos praticantes de antropofagia, comiam-se os escravos em rituais.
* os indíos não foram passivos à escravização portuguesa e também passam a vender muitos prisioneiros em troca de mercadorias.
* Existiu no Brasil uma relação comercial distinta entre portugueses e índios, que prestavam serviços de extração e transporte do pau-brasil para os portugueses em troca de mercadoria europeia.
* Quando os portugueses começam a entender as práticas dos índios e a de canibalismo, passam a uma relação de desconfiança, o que abala a relação de colaboração e inicia a imposição da cultura religiosa e trabalho forçado.
* Diante da situação, os nativos ou reagiam ou aceitavam a escravidão.
*Existiam muitos grupos indígenas e os do sul da américa desconheciam o conceito de hierarquia, pelo que não aceitavam o trabalho compulsório.
* Também muitos vieram a falecer, de maus tratos e de doenças que lhes eram desconhecidas ao organismo.
* Devido a estas dificuldades e subsequente facilidade na perca de mão-de-obra, os colonos voltaram-se para África em busca de escravos e no séc. XVIII termina a escravidão de indígenas. * O açucar era a matéria-prima pela qual pretendiam fazer riqueza e como muita mão-de-obra seria necessária, esta razão motivou o início da busca de escravos em África para trabalhar no Brasil.
*A Igreja Católica ganhava um percentagem por cada escravo que entrava no Brasil, assim como a Coroa Portuguesa além dos próprios traficantes.
*A data oficial de tráfego negreiro é 1559.
*Os africanos eram capturados nas mais diversas situações: devido a guerras tribais ou ao já serem escravos por terem dívidas não pagas e podiam ser facultados por traficantes negreiros.
*Surpreendentemente, os maus tratos não eram bem vistos (não era atitude cristã) e em 1700 uma carta do D. Pedro II revela a indignação contra os cruéis castigos, que eram mesmos terríveis, incluindo mutilação e tortura.
*Escravos africanos alforriados frequentemente adquiriam outros escravos passando à condição de escravagistas.
*Os escravos trabalhavam na agricultura, em platações de açucar, tabaco, algodão e café, na mineração e na pecuária.
*Os escravos domésticos trabalhavam nas casas senhoris, realizando serviços como cozinhar e costurar.
*Os escravos ao ganho, eram os que prestavam serviços remunerados e pagavam uma parcela de renda ao seu proprietário.
*Os escravos de aluguel eram emprestados a outros senhores para desenvolver um outro ofício, como carpinteiro ou pedreiro.
*Os escravos não tinham direitos, porque eram propriedade.
*O proprietário é que tinha de garantir os elementos básicos á sua sobrevivência, a alimentação, as roupas, os tratamentos médicos.
*Eram vigiados por capitães do mato, e se fugissem e fossem capturados, eram-lhes aplicados severos castigos, como o tronco e o açoitamento.
*Casos de Alforria aconteciam por variados motivos, desde a vontade do senhor em virtude da obediência e lealdade, até a casos em que o escravo conseguia comprar a sua liberdade.
*Formas de resistir à escravidão eram várias: desde a criação de Quilombos, onde frequentemente também se praticava a escravatura, porque aboli-la não era um objectivo, ao suicído, ao assassinato dos senhores, ás rebeliões e revoltas.
*A revolta dos Malês visava a libertação dos escravos africanos e pretendia escravizar brancos, mulatos e não muçulmanos.
*A abolição da escravatura no Brasil, que conseguiu a independência de Portugal oficialmente a 7/09/1822, deu-se de forma processual, e a 13 de Maio de 1888, a princesa Isabel assina a lei Áurea, extinguindo-a oficialmente.
*O Brasil foi o último país ocidental que ainda mantinha a escravatura legalizada.
*Em 1850 a lei Eusébio Queirós punia os traficantes de escravos e a sua importação e, em 1871 a lei do Ventre livre afirma serem livres os filhos de escravos daí adiante nascidos e em 1885 a lei dos sexagenários concedia liberdade aos maiores de 60.
*A escravidão foi substituída pela mão-de-obra assalariada imigrante, sendo que a abolição da prática escravagista não impediu que, até aos dias de hoje, se continue a praticar superexploração de mão-de-obra em regime de escravidão e tráfego de pessoas.

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AS CAUSAS SOCIAIS E AS NOVELAS


Creio que o mundo já se habituou a ver nas novelas, além de merchandising a produtos e serviços e reproduções de escândalos reais, a focalização em determinado problema social. Em “Vale Tudo”, novela que retrata uma realidade que se aproxima cada vez mais à de Portugal, falava-se do desemprego, da mão qualificada ficar de fora do mercado de trabalho ou se prestar a serviços muito abaixo das suas capacidades. Falava também da decadência moral e da decadência das instituições. Era mesmo o “Vale Tudo!”.

Creio que muitas novelas, por muito tempo, só trouxeram benesses ao explorarem temas que mexem com a sensibilidade das pessoas. Mas será que não há um outro lado da moeda?

Vou começar pelo caso mais recente: a novela “Páginas da Vida”. Encontrei ontem por acaso, um tópico na net que informava que se tinham feito “bonecas Clarinha”, sendo que se referia à menina com síndrome de Down que entrou na novela. Não estou bem por dentro de tudo o que aconteceu em torno dessa menina, mas confesso que fiquei com um feeling de ter existido um aproveitamento individualista do assunto, ao invés de ser abordado de uma forma que beneficiasse realmente a causa. Merchandising de Clarinha? Com que propósito?

Voltando atrás, devo dizer que um dos momentos mais marcantes de consciência social que me ficou na memória foi através da personagem de Isadora Ribeiro, em “Explode Coração”, que tudo fazia para encontrar um filho desaparecido. Penso que algumas cenas até foram gravadas no meio de mães reais, com cartazes com fotografias dos verdadeiros filhos desaparecidos. Penso que até algumas crianças foram encontradas devido à novela. Isto é que eu chamo de um aspecto bem positivo da influência da novela na realidade. Fiquei contente. Ultimamente porém, tenho sentido que existe mais um aproveitamento, uma espécie de abordagem artificial que não traz nada de novo. E fica a questão: quando a novela sai do ar, o assunto deixa de existir?

Em “De Corpo e Alma”, novela de que não gostei, a doação de órgãos aumentou nos hospitais. A doação de medula óssea também sofreu um acréscimo quando “Camila”, em Laços de Família, descobriu ter leucemia. São exemplos de causa-efeito óbvios. Mas ultimamente, não sei… Em certas cenas que vi em Páginas da Vida, parece um exagero Helena partir para a agressão com alguém, cada vez que essa pessoa se referia á criança como doente. Não é para tanto. Não é com agressão e insulto que se informam as pessoas. Ás tantas não sei, a novela passa a impressão que o correcto é ignorar, ficar na ignorância porque perguntar ofende, e nunca, mas nunca, usar as palavras “doente” ou deficiente”.

Entrámos numa época de “politicamente correcto”. Não se diz que uma pessoa é gorda. Diz-se que é “fisicamente avantajada” (palavras da actriz Sarah Jessica Parker na Oprah, referindo-se à educação que dá ao filho). Não se pode em circunstância alguma fazer referência á cor de pele de alguém, se este for negro e a pessoa que fala não for. Qualquer piada, referência, qualquer inocência, costuma surtir um estado de indignação que faz as pessoas ficar caladas, sem perguntar, sem saber: politicamente correctas! Ora isto é perigoso! Valei-nos as personagens de Lombardi, que ao menos lá chamam os bois pelo nome!

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Casamentos, são como chapéus!

Os casamentos, geralmente guardados para o fim, são o momento esperado por aqueles que seguem uma história e aguardam o desfecho feliz. Nas novelas, vários actores já se vestiram a preceito. Ora com fatiota de época, ora mais avan-guard, como a “Malu” de Mulheres de Areia, ou doidas como “Fernanda”, em Selva de Pedra, que tingiu seu vestido de negro. Uns mais que outros, mas é sempre divertido ver os fatitos. Ora, ao longo do tempo fui juntando imagens por tópicos. NOIVOS foi um deles. Apesar de metade já ter encontrado o caixote de lixo, outra metade se salvou deste insano momento, e como um blog não se presta a certas comodidades, deixo no Youtube um trecho destes momentos. Será actualizado há medida que outras imagens forem aparecendo. Divirtam-se!http://br.youtube.com/watch?v=9Mki7-YNA_I

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sábado, 20 de outubro de 2007

ARTISTAS EM PORTUGAL

Ao longo dos anos, muitos actores de telenovelas têm vindo a Portugal. Quando a SIC surgiu com a TV Globo como accionista, este intercâmbio tornou-se mais amiúde. Antes, vinham menos. Convidados para os carnavais, esperando patrocínios e convites de trabalho, que eram poucos, porque poucas eram as entidades. Por isso, a imprensa dava mais destaque a estas chegadas. Pouco mudou com o tempo, mas é certo que a SIC intensificou estes intercâmbios. E também a afluência de artistas portugueses para o Brasil, se tornou mais amiúde. Se é verdade que, por causa da abrangência de uma novela, o artista brasileiro está acostumado a fazer viagens de promoção e divulgação, que vão da China à Rússia, parece que Portugal é um destino especial, por partilhar a língua. Afinal, na China o Rubens de Falco e a Lucélia Santos, na Escrava Isaura, falam chinês. Na Rússia russo e por aí adiante. Com o aparecimento de dois canais de televisão privados, o meio audiovisual contorceu-se todo. Produtoras foram criadas, produtos, ideias viam um caminho a seguir. E fascinados que somos pelas novelas brasileiras, a SIC aproveitou o facto para trazer actores a Portugal. Trouxe o conceituado Tarcísio Meira e Cristiana Oliveira para promover "De Corpo e Alma", Christiane Torloni andou por cá e promoveu também novelas, como Renascer, e Irmãos Coragem foi promovida por Gabriela Duarte e Murílo Benício. Todos receberam muito destaque e grande pompa.

A verdade é que não nos cansamos nunca de novelas. Mesmo com a nossa produção finalmente a arrancar (muita dela com mão de obra especializada do Brasil). E mesmo isto, devemo-lo ás brasileiras. Porque foi o alargar do mercado que fez profissionais do outro lado querer experimentar trabalhar cá. Alguns vieram e foram, outros ficaram. Claro que quem fica, tem interesse em criar, em produzir. E quando a SIC ficou com o exclusivo das novelas da Globo, os outros dois canais ficaram histéricos. Falaram em deslealdade. Foram buscar novelas de outras emissoras brasileiras, mas não tiveram o resultado esperado. Era inútil combater uma novela da Globo com outra qualquer. Penso que aguardavam o final de um prazo mas, como este não ia acontecer, criaram juízo: ao invés de se lamentarem, puseram mãos há obra. E com directores como Atílio Ricó, calejado profissionalmente no Brasil, entre outros, portugueses e brasileiros, a produção portuguesa passou também, a ser amiúde.

http://http://br.youtube.com/watch?v=ExtK55j2aPw

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HOMENAGEM a NAIR BELLO


Nair Bello faleceu recentemente. Se foi após dois anos de frequentes complicações de saúde. Li algures que entrou em três paragens cardíacas em alturas diferentes. Ficou em coma, etc. Pergunto-me o que terá sentido, durante todo esse tempo. A morte é um assunto tabu. Não se fala dela, principalmente quando deixa de ser tão hipotética (na juventude) para próxima (na velhice). Gostava de ver este tabu a ser, pouco a pouco, deitado abaixo como pedaços do muro de Berlim.

Julgo que grande parte dos nossos tabus não são antigos como poderemos julgar. São bem recentes na sociedade. Este é um deles. A morte... tema tabu mas porquê? Porque não saber o que pensa e sente uma pessoa que se julga estar a morrer por velhice? Terá medo? Sentirá paz? Como lida com isso? Noutras sociedades, noutros tempos, acho que as pessoas não têm a percepção que a morte não assustava muitos. De outra forma, como poderiam os cavaleiros, os guerreiros, ir para o campo de batalha sabendo que estatísticamente não poderiam sobreviver a todas que teriam pela frente? Os egípcios acreditavam na vida após a morte. Logo, morrer era uma benção, mas de decisão divina. Esta ausência de temor, que os levava a arriscar a vida, não existe mais. Há poucas décadas atrás, não fazia mal cortar uma madeixa de cabelo de um morto. Hoje a ideia é considerada macabra. Assim como tirar retratos. Mas há pouco tempo, não era. Creio por isso, que a sociedade tornou-se mais fechada e preconceituosa em relação á sua mortalidade.

Mas vamos mudar para Nair Bello. Uma senhora- já a conheci senhora na telinha - de um talento e carisma extraordinário. Recentemente vi cenas da sua D. Jura, na novela Perigosas Peruas, e não deu para desgrudar do ecran. A ela associo essencialmente interpretações cómicas, muitas nas novelas de Lombardi. Tinha um jeito todo especial de conseguir brilhar neste género. A voz, não sei se rouca devido a tabaco, ajudava-a naturalmente a ter graça. Mas o resto era tudo mérito e talento seu. Sobre Nair, nunca nada soube, além do seu trabalho que vi na TV. É curioso como a imprensa e os paparazzi podem assediar tanto uns, ao ponto de passar os limites e serem invasivos, e outros, deixá-los estar. Acreditem, se eu fosse alvo de paparazzi, preferia pertencer ao segundo grupo. Mas me surpreende como grandes talentos não são nem alvo de matéria para reconhecer e divulgar seus trabalhos. A invasão da vida privada, a inserção de informações pessoais, a quem todos parecem estar inseridos hoje em dia, não apanhou Nair Bello. Constatei que não sei se alguma vez casou, se tinha filhos, ou se era solteira. (tirei as dúvidas e afinal casou e tem 4 filhotes). Espero que tenha sido feliz, porque certamente fez muitos felizes e gerações, além fronteiras, vão recordar-se por muito e muito tempo, de Nair e do talento que partilhou com tantos. Ela e tantos outros da sua geração, alguns dos quais com quem fez duetos de interpretação ímpares, continuarei a adorar ver na TV. Porque tanto talento, é um prazer de ver!

26.02.08

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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

HELENA da Manchete


Tinha 13 anos quando vi esta novela. Desde miúda, com uns cinco ou seis anos, não conseguia compreender porquê outros miúdos como eu, mais velhos principalmente, se descabelavam por um artista qualquer. Tinha uma vizinha doida por Madonna. Tinha um vizinho apaixonado. E ambos eram gozados pelos adultos. Compreendo gostar-se de algo. Mas não compreendo este tipo de gostar. Quase fanático, sem reparar na realidade. Bastava ser Madonna e entravam em histeria de gritos e suspiros. Para mim aquilo não fazia sentido e, indignada com o aproveitamento que os adultos faziam dessa adoração para fazer troça, percebi que aquilo não ia acontecer comigo.

Quando Helena foi para o ar, uma coisa foi diferente. Pela primeira vez, aquele actor, sabem… que bonitinho! Bom, não era nada histérico, nem uma declarada paixão inflamada. Até porque mais tarde desconfiei que talvez fosse gay. Mas algo em Thales Pan Chacon, a sua voz e o seu ar e olhar de cachorrinho sofrido, tocou em botões ainda não tocados. E cá está: a primeira paixoneta por uma figura mediática. Não imaginam o quanto fiquei chateada com isso! Claro, mencionei a coisa lá em casa, e lá vieram as piadinhas. Era inveja.

A química no ecrãn entre os dois irmãos, deve ter ajudado. Tanto Thales, como Luciana Braga, que faz de Helena, conseguem, só com o olhar, passar muita energia. Há cenas de dar calafrios. Li algures, na altura, que ambos eram estreantes em Tv. Se assim foi, a crueza da falta de conhecimento do meio televisivo, não foi relevante.

Desta novela lembro que o nosso presidente da República de então, Mário Soares, fez uma visita ás gravações e lá estavam as fotos na revista. Mais tarde invejei-o! Lembro que na cena final da morte de Helena, existe uma falha, que mais tarde vim a descobrir que se designa por “racord”, ou seja: há uma falha de continuidade e de um plano para o outro as cenas chocam entre si. Foi com o cabelo de Helena. Depois de morta, entre um take e outro, conseguiu mudar de lugar e ficar composto no travesseiro! Lembro também que Helena me ensinou um conceito que desconhecia então, nos meus tenros 13 aninhos. Não sabia que podia existir um casamento póstumo. Tive de ler o resumo do final da novela na revista, porque as últimas cenas do último episódio, nunca as vi. E foi nesse resumo, que procurei saber a que casamento se referiam, se a noiva já estava morta. Investiguei e descobri, com surpresa, que se pode casar com um morto!

Ainda espero, hoje, que a novela volte a ser emitida em Portugal para que, décadas depois, possa ver como termina! É que tive de ir para escola. E apesar de poder contar com o auxílio da tecnologia, o videogravador, a pontualidade da única estação de televisão portuguesa existente na altura, era tão ruim que, mesmo dando todo o espaço na cassete, não cheguei a ver o final.

No outro dia, na escola, comentavam-se as últimas cenas. Alguns colegas meus faltaram para poder assistir. Deveria ter feito o mesmo, mas sofro deste mal de cumprir os deveres… ainda mais em dia de anos! O sucesso de Helena foi grande. Na época só existia uma estação de televisão pública, com dois canais. E o segundo, tinha muita fraca audiência. Foi neste que passou “Helena” (aliás, outras grandes novelas passaram na RTP2: Barriga de Aluguel, é outro exemplo). Este facto deve ser do conhecimento geral, para se poder enquadrar o sucesso de uma novela que fez meninos da escola faltar para assistir.

Helena trouxe outra benesse. Graças á história, fui procurar o livro. Queria saber como este tinha sido escrito por Machado de Assis. Como as novelas costumam incluir mais personagens, inventar mais histórias e englobar outras obras, gostei mais da novela que do livro. Embora não deixasse de gostar do livro. E isto para mim é o exemplo do lado benéfico de novelas, filmes e outras obras de arte retratadas em cinema ou televisão: produzem curiosidade e podem levar o espectador ao livro.

Até agora, também não sabia que outras pessoas achavam o TPC (como me referia a Thales Pan Chacon, fazendo o trocadilho por ser a abreviatura de trabalhos para casa- que tinha da escola) atraente. Uma casualidade deu-me essa percepção. Sim, mais outra pena… a doença que o levou. Ele e muitos outros que participaram nesta novela, faleceram pouco tempo depois: Yara Amaral, tragicamente afogada num muito divulgado caso de sobrelotagem de pessoas numa embarcação durante a celebração do ano novo (révellon), Isabel Ribeiro, a talentosa vilã Thomásia e Chiquinho Brandão, num acidente de viação. Sabemos lá nós o que nos calhará! (ou quando!).

Mas recordando coisas não tristes, não gostariam de rever Helena? E voltar a usufruir destas personagens, destas interpretações talentosas, e da tensão e energia sexual entre os dois irmãos? Ainda por cima, sendo uma novela de época, acho que vestido daquela maneira o TPC ficou ainda mais atraente. Ainda hoje, uma camisinha de espadachim num homem... enfim! Hã! Nada como ter tudo tapado e usar muita roupa! :)

Você viu ou lembra desta novela??
O que foi ela para si?
Deixo um trecho em: http://http://br.youtube.com/watch?v=E19rvzb6G7s

R*E*SU*M*O DA H*I*S*T*Ó*R*I*A:
O concelheiro do Vale morre. A leitura do testamento deixa todos em choque: o seu amigo Camargo, e sua única família: o filho Estácio e a irmã Úrsula. Afinal, o concelheiro tinha uma filha, que reconhece como legítima em testamento. Chama-se Helena. Esta vive num convento e é chamada pela família. Úrsula não a recebe bem, mas o irmão, Estácio, fica fascinado com a ideia de ter uma irmã.Quando Helena chega à fazenda, revela-se uma menina de muitos bons modos. Educada, acaba por conquistar o coração duro e moralista de Úrsula. Helena conquista o coração até do irmão. Mas de maneira completamente diferente. O amor é mútuo, e é carnal. Nenhum dos dois cede aos seus impulsos, mas torna-se cada vez mais difícil assumir esse comportamento. Estácio está noivo de Eugênia, a filha do Dr. Camargo, muito amigo da família. Este e a esposa têm pressa em casar os dois. Estácio é dono de toda a fortuna dos Do Vale, e por isso, os Camargo não vêm com bons olhos a novidade "Helena". A doçura da rapariga conquista o coração de todos e desperta interesses românticos. Para desespero e tortura de Estácio e da própria Helena. Ás tantas, percebe-se que a rapariga esconde algo. Será que ela não é o que aparenta ser?

Estácio está noivo mas mantêm um romance com uma espanhola. Os seus encontros dão-se numa cabana abandonada no meio da floresta. É por essa cabana que também Helena começa a passear e a ter encontros misteriosos.Os dois irmãos começam a discutir, basicamente porque a atracção que sentem um pelo outro é cada vez maior e não sabem como a irradicar. Numa ocasião, Estácio bebe mais que a medida, acaba bêbado, no colo de Helena, e beija-a. A rapariga dá-lhe um estalo.
A partir daqui os dois vão andar tensos. O segundo beijo acaba por acontecer e é presenciado por Úrsula. Espantada, manda chamar o padre Melchior, e avisa os sobrinhos de que assistiu à cena de afecto. Helena e Estácio sentem-se torturados e o sentimento de culpa os invade. Helena sai de casa para ir até a casa da bandeira azul (http://br.youtube.com/watch?v=aWDP1UVU13g), a tal cabana abandonada e Estácio, desconfiado, segue-a. Ao chegar a casa, Helena encontra as malas feitas e interpreta o gesto como uma expulção. Ela passa a viver na casa da amiga Joana. Estácio pergunta-lhe quem mora na cabana azul, mas Helena pede-lhe para não falarem disso. A partir daqui Estácio está obcecado, e tenta por todos os meios saber com quem Helena se encontra na cabana. O indivíduo misterioso chama-se Salvador, um homem de cabelo grisalho, a quem Helena pede que desapareça antes que Estácio o encontre. Para colmatar, Estácio decide afastar-se numa longa viagem. Ao abrir o cofre para levantar o dinheiro, descobre que desapareceu. Circunstâncias levam-no a desconfiar de Helena. Mas foi Úrsula a responsavel, e acaba por confessá-lo. Estácio sente-se torturado de remorsos e pede desculpa a Helena. Entretanto, a noiva de Estácio, que estava ausente numa longa viagem, regressa. Vem mudada. Traja calças e calça botas. Muito americanizada, diferente da menina dócil que partiu.
Alguém vê Helena e Salvador em gestos íntimos e corre a contar à fiel empregada, Xica. Esta vai ter com a rapariga e diz-lhe que já está a par do seu caso amoroso. Helena fica escandalizada e afirma se tratar de uma bela amizade. Os pais de Eugênia descobrem que ela está grávida e a mãe indica-lhe para seduzir Estácio o quanto antes, de modo a que este pense que o filho é dele. Entretanto Vicente, o melhor amigo de Estácio e eterno pretendente de Helena, descobre quem é Salvador e, num momento de embriaguez, revela a Estácio que conhece o segredo de Helena. Este vai ao quarto da irmã para lhe dizer que a casa da bandeira azul também lhe pertence e que pretende voltar a frequentá-la. Chateado, Estácio vai até à cabana e expulsa Salvador de lá. Helena confronta-o e diz que se ele fôr embora, ela vai junto. Esta tensão tortura-a, e a rapariga confessa ao padre a sua verdadeira relação com Salvador. Melchior fica espantado! Helena tenta novamente convencer Estácio de que a sua relação com Salvador não é carnal e este acredita. Quanto vai à cabana, Helena encontra um bilhete de Salvador a dizer que partiu. Isto deixa a rapariga deprimida, e Helena recusa-se a sair do quarto, pensando em regressar ao convento. No entanto, perante Xica, Salvador regressa e Helena, feliz, exclama: -"Pai!". Xica surpreende-se mas acaba por compreender como aquilo pode acontecer. Estácio percebe os enjôos de Eugênia e pergunta-lhe se está grávida. Por esta altura, os dois já se tinham envolvido sexualmente, o que faz Estácio suspeitar que vai ser pai. No entanto, confessa a Xica que seria o homem mais feliz do mundo se a sua noiva fosse Helena. No meio de mais peripécias, Estácio e Helena acabam por se envolver em mais beijos. Num desses, eles são vistos por Camargo, que fica escandalizado! E apartir daqui, faz chantagem com a rapariga.

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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

NOVELAS DE ÉPOCA

Estão entre as minhas favoritas. Uma novela de época presta-se a tantas delícias! A críticas sociais, a paralelos com a sociedade contemporânea, a histórias de amor limitadas pela lei social da época. Além disso, os figurinos são deliciosos e existem mais cavalheiros que o habitual. :)

A última que vi e adorei, foi Força de um Desejo. Li algures que no Brasil, esta teve pouca aceitação. Mais uma vez, em Portugal não foi assim. A novela é, de facto, muito bem feita. Até consegui levar com a Malu Mader como protagonista principal. Tem uma vilã deliciosa na Nathália Thimberg, á qual depois se juntou a angelical Alice (Lavínia Vlasak).

Entre figuridos de tirar o fôlego, a nota negativa vai para a personagem de Cláudia Abreu. Uma fantochada pouco credível, engraçada até um ponto depois ridícula. Interpretei o desenvolvimento desta personagem e a inserção dela na trama como pastilha elástica. Só servia para estender, estender, estender a trama.

Excelentes interpretações de tantos e tantos actores. Começo por Paulo Betti, passo para Reginaldo Faria, um lord muito interessante, o seu filho Selton de Mello, etc, etc... impossível mencionar todos, cada um a seu nível de importância na trama.

Fascinação, da SBT, foi outra das últimas novelas de época que assisti. Também apanhou a minha atenção e a manteve cativa. O que até é um tanto estranho porque, é daqueles produtos que, nem tudo tem um nível de qualidade igual, e no entanto, tem tanta fruta! Algumas interpretações estavam ainda muito cruas. Heitor Martinez, que a meu ver já mostrou ter muito talento em novelas posteriores, andou aqui na corda bamba. Mas decerto, saiu vencedor. Outros bons actores que devem andar mais pelo teatro e pouco aparecem na telinha, também deram aqui o seu talento para o espectador usufruir. Foi o caso de Glauce Graieb, a mãe vilã desta histórica dramática de amor entre jovens. Mariana Ximenes despertou minha atenção pela sua candura, pela beleza e cabelos ruívos. Transitou depois para a Globo, mas o potêncial que vi aqui ainda não foi atingido.

Na globo há um estilo de interpretação-padrão. Muitos fazem sempre o mesmo, em novelas diferentes. A direcção é a mesma, as mesmas falas são ditas da mesma maneira com os mesmos planos e lá com a musiquinha de fundo... enfim. Há um standard, uma fórmula segura, que se segue, garante o sucesso, mas não traz nada de novo. Alguns actores aderem. A carga horária é tramada, as cenas puxadas, porque não? - Bom, mas este assunto é para outro tópico.

Nesta novela, lembro das falas dos pais de Clara (Regiane Alves) quando a sabem grávida e solteira. A sua reação, mais a da comunidade, é muito forte e marcante. Retrata bem os valores da altura. Clara é apedrajada e corrida à pedrada! (http://br.youtube.com/watch?v=WejdJ4Yp5lM) Rejeitada por todos, ao ponto de lhe virarem as costas, não caminharem no mesmo passeio e de não lhe dirigirem a palavra. É forte! Lembro também de uma conversa "trivial", em que duas personagens riem da possibilidade de São Paulo virar uma cidade grande e se prestam a dar a perspectiva geografica de então. Adoro quando se fazem trocadilhos! http://br.youtube.com/watch?v=IPAZb8Mu-uc

Outra grande novela de época que me deliciou, foi Direito de Amar. De início, nem muito, acho. Era criança quando a vi. Foi só uma única vez mas lembro perfeitamente, que a novela cativou toda a gente. Adultos e crianças. Mesmo os meninos que mais facilmente admitem gostar de futebol que de novela! Há partes muito interessantes. E apesar de já terem passado quase duas décadas desde que foi exibida, uma única vez aqui em Portugal, lá me marcou, caso contrário não me lembraria agora dela. Ítala Nandi, essa não me agradou tanto. Talvez fosse a personagem. Talvez fosse a voz estridente e a dramatização estérica. Ás tantas, meiguinha, ás vezes ia mas, no geral No-no. Não me convenceu.

Vi pouco do trabalho de Lauro Corona. Aliás, todos viram, pois morreu jovem, assim como muitos outros que se seguiram, em que a causa de morte apontada era a "temível" a praticamente "imencionável" SIDA (ou AIDS como se diz no Brasil e América). Provavelmente, muitos outros, antes e depois, se foram levados por esta assustadora doença fatal. Desconfiava-se sempre de causas de óbito "causa desconhecida", "complicações diversas" e "pneumonia". Isto porque, normalmente se morria destas doenças, mas só porque eram derivadas da AIDS.

Lauro parecia a meu ver, ser um indivíduo talentoso. Lá bem parecido, era. Também me parecia sensível, tímido, educado... é uma pena, mesmo. Mas mais que não seja, ele, foi o primeiro finado a não esconder o seu calvário. Depois da morte, pelo menos, a causa não foi escondida. Tornando-se uns dos poucos da altura. Tratava-se de uma década complicada. De muita descriminação e desconhecimento. A ignorância carrega o medo, e poucos podiam se sentir confortáveis sabendo que estavam perante um indivíduo com esta doença, e não haviam certezas quanto há forma de contágio. Sendo que um espirro, ou um aperto de mão, desde que a pessoa tenha uma pequena ferida, podiam conduzir ao contágio. O medo é legítimo, não se pode censurar. Mas mais estudos e conhecimento vieram a dissipar o medo das pessoas. Porém, na altura do seu falecimento, isto ainda não era bem assim. Ademais, ainda se ligava muito a doença há homossexualidade. E, na minha opinião, tal como hoje, continua-se a não se assumir claramente que se é homessexual no meio artístico. Estranho? Não! Reparem: os galãs de novelas, os galãs de filmes de Hollywood... deixariam de ter papéis por assumirem ser gay? Na minha opinião, não. Afinal, a ficção é ficção e a fantasia viaja na mesma, independentemente de sabermos se aquela pessoa é ou não gay. Ainda assim, cantores, actores e apresentadores de TV bastante populares, ainda simulam romances e fogem de esguia a perguntas sobre a sua intimidade, para não dizer com todas as letras: Não! Sou gay, e tenho um companheiro com quem vivo há 10 anos!. E continuam a responder á pergunta: Tem alguma namorada? "De momento não". Ou então, quando desejam filhos, dizem: "ainda não encontrei uma mulher e talvez gostasse de encontrar uma só para me dar um filho". Enfim, ainda existe tanta coisa defeituosa na nossa sociedade que, o retrato desta mesma sociedade há uns séculos atrás proporciona um confronto interessante de ideias. Pode dizer-se muita coisa hoje, mostrando o "ontem".

Caro leitor deste blog (ainda não conheci nenhum! :) ). Qual a sua novela de época preferida? Qual me esqueci de mencionar?

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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

COMÉDIAS de Carlos Lombardi

A COMÉDIA DRAMÁTICA (recepção em Portugal)

Devo confessar que sou fã do estilo de Carlos Lombardi. As suas comédias estão repletas de drama, de novelos e novelos de emoção, que os bonzinhos escondem entre sorrisos, boa disposição e flirts, e os mauzinhos em mau-humor e frustração sexual. Há sempre muito choro e tristeza, no meio de tanto riso. Alguém é capaz de dizer os nomes de outras novelas de comédia que fazem constantemente chorar? Tanto ao que sei, no Brasil este autor foi sempre alvo de muitas críticas negativas e há sempre um punhado de actores a se queixarem das suas personagens. Pelo menos é essa a ideia que passa aqui em Portugal.

Mas para quem não conhece as novelas em que Carlos Lombardi participa como autor, eis a lista:

1) Guerra dos Sexos (83/84)
2) Vereda Tropical (84/85)
3) Bebé a Bordo (88/89)
4) Perigosas Peruas (1992)
5) Quatro por Quatro (1994)
6) Vira Lata (1996)
7) Uga-Uga (2000/2001)
8) 5º dos Infernos
9) Kubanacan (2003)
10) Bang-Bang (2005/6)
11) Pé na Jaca (2007)

VAMOS A ELAS! (ás novelas e como foram recebidas em Portugal)

Nem sei por onde começar… há nestas novelas tantas personagens memoráveis e actuações sublimes! É que não é fácil fazer comédia. Devo dizer que muitas vezes um actor mostra “tudo o que tem” ao encarar uma personagem destas.

Vou começar por aquele que foi apontado como o primeiro claro insucesso: Vira-Lata.
Em Portugal, a novela fez sucesso. Não um sucessozinho, mas sucesso ao ponto de ser mudada de horário três vezes, para conduzir a audiência que estava a receber, para os horários onde a queriam. (não é de admirar pois, levados pela recepção que a novela teve no Brasil, os responsáveis pela programação adiaram a exibição da novela e decidiram “atirá-la” para os fins-de-semana sem olhar para o produto que tinham em mãos). Assim sendo, acabou por ficar como uma novela da hora de almoço.

Já aqui falei do preconceito de que a novela brasileira sempre foi alvo em Portugal. Apesar da popularidade que alcançavam, não “ficava bem” admitir que se via tal produto em televisão. É preciso entender onde estava Portugal nessa altura. O país tinha ainda muita estrada para percorrer. A maioria da população habituara-se a ter apenas um canal de televisão. Haviam dois, públicos. Mas sem se entender bem porquê, a maioria não sintonizava o segundo. Pouquíssimas pessoas tinham acesso a canais estrangeiros através da parabólica. Os canais privados tinham por estas razões, tudo para dar certo. O que acabou por acontecer. E aos poucos, as mudanças fizeram-se sentir. Subitamente, os televisores tinham de estar equipados com comando remoto, pois já fazia falta! No entanto, em muitos locais e por alguns anos, apenas por uma questão de hábito, as pessoas continuavam a dizer que só viam o mesmo canal de sempre. Mas não era verdade. O primeiro canal generalista privado (SIC) foi à TV Globo buscar inspiração e formação técnica ( a Globo era accionista do canal e Hans Donner responsável pela imagem e logotipo) e conseguiu, em pouco tempo, ter o exclusivo sob as novelas e produtos da Globo (o uso que lhe deram veio a ser um erro). E era aqui, apenas quatro anos após a chegada do primeiro canal privado a Portugal, que se situava VIRA-LATA.

Sob este preconceito e enquadramento social, muitos continuavam a dizer que não viam nem gostavam de telenovelas (as portuguesas começaram a sair do estágio embrionário um punhado de anos após a chegada das televisões privadas). Comecei a entender que a novela agradava não só a mim, mas a outras pessoas também, que escreviam para as revistas a fazer perguntas e a criticar as mudanças de horário. Nunca hei de esquecer que vivia na altura com uma pessoa um tanto snob, daquelas que dizia não ver novelas. Mas assistiu comigo todos os episódios, e surpreendia-a muitas vezes, completamente envolvida, a ver a novela na minha ausência. Também fazia muitas perguntas sobre as personagens e queria saber o que se tinha passado desde a última cena que vira. Quando o episódio era gravado e já tinha sido visto, voltava a pô-lo no ar para ela o poder ver. Outras pessoas conheci, que também só viam novelas “de vez em quando”. Calhava eu fazer uma visita a seguir ao almoço, e apanhava-as sempre a ver as três ou quatro novelas brasileiras que davam seguidas, das 13.00 até ás 16.00 ou 17.00 horas!

Não há como compreender o preconceito mas que sempre esteve presente, esteve. Todos as viam, pouquíssimos se sentiam há vontade para o admitir. Penso que tal se devia porque supostamente, só donas de casa deviam ver novelas e também porque eram consideradas um "produto menor", visto por pessoas simplórias ou ignorantes. Ninguém queria se associar a esta imagem. (parece absurdo, mas assim foi!) Mesmo quando já se dizia que a novela era um produto que alcançava todos os "escalões" sociais e agradava ás massas, nunca deixou de ser vítima de preconceito e ignorância.

Em Vira-Lata temos interpretações fantásticas. Déborah Secco tem um papel interessante como Maria-rapaz que acaba por despertar para a feminilidade. Maria Zilda fez-me rir muito. Mário Gomes, e claro, Nair Belo, soberba! Além de muitos outros, grandes e pequenas personagens. Carolina Dieckman começou a “cair-me no goto”, pois até então pela televisão parecia ter um ar arrogante, mesmo aquando se estreou em Tropicaliente. Contudo, penso que foi com “Vira-Lata”, novela onde a sua personagem acabou por tomar muita importância na trama, que teve a oportunidade de se mostrar mais como actriz.

O rol de interpretações a mencionar é interminável. Compreendo porquê são as novelas de Lombardi alvo de muitas críticas depreciativas. Muitos têm dificuldade em agarrar a trama e o drama das personagens por entre tantas histórias e situações, onde a exposição do físico e as situações de cariz sexual parecem estar em exagero. Mas é um estilo. Como todos, sujeito a desgaste e devo confessar que as últimas tramas desde Uga-Uga, já não tiveram em mim qualquer capacidade de agarrar o meu interesse. Mas também, quase todas as novelas globais deixaram de ter esse poder por essa altura. Muito do mesmo?

Quinto dos Infernos foi outra mini-série que recebeu más críticas e demorou (muito) a estrear em Portugal. Quando finalmente estreou, foi um sucesso.

Não digo que da parte de historiadores não tenha afligido sensibilidades mas no geral, o povo português não se sentiu ofendido (como li algures) ou prejudicado pelo retrato das personagens. Ao invés disso, divertiu-se. É preciso saber que, tal como Bang-Bang, esta mini-série foi para o ar a horas tardíssimas, começando muitas vezes depois da meia-noite, ás vezes, uma e meia da manhã. Mas este sempre foi um horário com público, que gosta deste estilo de comédia. A começar há 1 da manhã ou ás 3 (acontece com mais frequência) as séries brasileiras, tais como “Na rede de Intrigas” receberam sempre a atenção de algum público e de alguma crítica.

De resto, as comédias dramáticas de Carlos Lombardi, como “Quatro por Quatro” fizeram sempre sucesso. Exibidas mais tarde em Portugal, Bebé a Bordo e Perigosas Peruas fizeram delícias. O humor já característico mas com uma direcção, cenários e iluminação menos “standard” (que o início do século trouxe a todos os produtos Globo), foi uma lufada de frescura. Maravilhosas interpretações, personagens e situações.

Ninguém esquece as “coelhadas” de Rei e Reizinho (Bebé a Bordo), nem o drama que estes viviam com o pai (brilhantemente interpretado por Sebastião Vasconcelos). Tony Ramos é um delicioso problemático, que tem cenas memoráveis com a família: a esposa Inês Galvão e o filho gorduchinho que só fazia comer. Carla Marins interpreta uma menina muito, mas muito estúpida, mas que afinal, não é tão burra assim e tem os seus sentimentos feridos pela indiferença dos pais. E Sílvia Bandeira, a mãe também “supostamente” burra, tem uma interpretação divinal. Enfim: um rol e rol de boas personagens e bons actores que, confortáveis ou não com as exigências dos papéis dramático/cómicos, contribuíram para momentos divertidos.

Em Perigosas Peruas a situação repete-se, embora as personagens sejam diferentes. Temos Nair Belo excelente no papel de mãe de Mário Gomes, o “galinha” Belo, casado com Vera Fisher mas com o antigo amor Sílvia Pheifer também debaixo de olho. E o dramalhão desta não poder ter mais filhos, após lhe morrer a filha que esperava de “Belo”. A surpresa é que, afinal, a filha nunca morreu e Belo é o responsável. Sempre um belo dramalhão no meio de comédia! Além de contar ainda com a história de uma família de mafiosos, e de um trio de polícias “gostosãos”, cada qual com os seus problemas pessoais além dos que enfrentam no emprego.

A terminar esta série de referências ás novelas de comédia/drama de Carlos Lombardi, o início, quando colaborou e foi co-autor de duas novelas de Sílvio de Abreu: Guerra dos Sexos e Vereda Tropical. Era uma criança quando estas passaram em Portugal, mas lembro bem delas, porque logo deixaram a sua marca. Rir é o melhor remédio e talvez por isso, a predilecção por comédias. Guerra dos Sexos foi um êxito de Sílvio de Abreu e foi muito bem recebida no ano de 1985, quando terminou em Portugal. “Vereda Tropical” foi também muito bem recebida, e até hoje é fácil lembrar aquele emblema do sol com a gaivota.

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