Um rapto na Novela
Era bom que assim fosse!
Na novela Remédio Santo, Sara rapta a filha à porta da escola, usando clorofórmio para a entorpecer e foge rumo à fronteira no carro roubado à patroa Violante.
Horas ou minutos mais tarde, a patroa dá conta do roubo e telefona à polícia para o participar.
Depois Celso, pai da menina, recebe um telefonema da ESCOLA a perguntar pelo PARADEIRO da filha, que tinha sido vista à porta da escola a falar com a mãe, junto a um carro.
CELSO telefona para a polícia e faz de imediato uma participação de rapto. Ninguém viu que a menina partiu com a mãe, muito menos percebeu a forma como isso aconteceu.
Não faço ideia como se participa um rapto ou como é a acção da POLÍCIA, mas DUVIDO MUITO, ainda mais neste país burocrático e tecnologicamente atrasado, que a coisa possa passar-se COMO NA NOVELA. Aqui se seguem as dúvidas:
A polícia aceita POR TELEFONE sem documentos ou testemunhas uma participação de rapto?
A polícia faz bloqueios na estrada antecipando-se em distância à fugitiva?
A polícia apenas com uma participação por telefone (vamos supor que entretanto Celso passou por uma esquadra) manda imprimir as fotografias das pessoas desaparecidas?
A polícia avista um carro que fica parado à distância na estrada e não acha suspeito ao ponto de averiguar?
A polícia algema Sara depois de a apanhar a tentar atravessar a fronteira e quando chega outro veículo, continua a algemar sem alertar a pessoa para se afastar? (Podia ser um agressor)
A polícia deixa que Celso, que é quem chega de carro, corra em direcção à filha e a agarre sem provar a sua identidade?
Ou seja: a história é toda muito bonita e nós gostamos de ver coisas que funcionam tão bem, mas é pouco autêntica. Tomara que não fosse! Tomara que qualquer criança raptada pudesse ser socorrida com esta eficácia. Tomara... que a polícia se antecipasse na fronteira, que a participação fosse rápida, que chegar à fronteira não fosse fácil de acontecer antes mesmo de se dar conta de um desaparecimento.