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Ciranda de Pedra
Está a conquistar-me. Ainda vai no início mas estou a achá-la simpática. Ao contrário do que se pensa, esta novela não é um remake. Ela é uma nova visão da mesma história, ambientada nos anos 50, com base no livro mas também, na outra novela.
Apenas duas personagens, até agora, não me convencem: Frau Heta e a Prof. Margarida. Em relação a esta última, já disse que acho Cléo pouco expressiva. Ou melhor: algo no seu desempenho corporal contrasta com o pretendido, e soa a falso. Falta-me ver a actriz no papel de vilã. No de mocinha não convence ou alguma vez convenceu.
A Frau Heta de Ana Beatriz Nogueira não tem uma ponta de sotaque alemão. Nem sotaque, nem hábitos ou trajectos. Talvez a solução seja descobrir que nem alemã ela é. Nada nela nos faz saber a sua origem. Não fossem os outros chamá-la pelo nome que tem. Verifiquei que a actriz, que tanto quanto sei estava a trabalhar na rede Record, até pronunciou uma mesma frase comum ás personagens de Ciranda de Pedra e Essas Mulheres, com o mesmo timbre, trejeitos, postura e linguagem corporal. Não esperava uma Frau Heta nem sequer semelhante à de Norma Brum. Cada actor tem a sua maneira de ser e mostrar um personagem. Mas sinto falta de autenticidade. De algo que denuncie a sua origem alemã. Uma maldade mais marcada, uma ameaça que fique no ar com o peso de temor, algo assim. Esta Frau Heta de 1950 apenas me parece uma pessoa que quer ser má, mas não é. A sua interpretação não mete medo ou intimida.
Mas a trama ainda vai no início. Tem de se ver que direcção as personagens vão tomar no resto da história. Sabe-se que é suposto Laura morrer e aí a trama muda de rumo. Ana Paula Arósio é uma actriz que estou ansiosa por ver de vilã. Desde Terra Nostra, nas cenas em que Madame Janete conta a sua versão da história do parto colocando Giuliana de vilã e também nas cenas em que esta foi verbalmente agressiva com Paola e Mateu, que o olhar intenso da actriz promete uma vilã de meter medo. Talvez desse uma Frau Heta muito mais temida! Quem sabe por altura da 3ª versão da obra? :) Afinal, não são as mais bonitinhas aquelas que conquistam de loucura os homens.
Beleza Pura:
Norma é a vilã que não conseguimos odiar (ainda). Ela faz as suas traquinices com charme, inteligência e até simpatia. O que praticamente eclipsa o facto de ter sido ela a responsável pela sabotagem do helicóptero Carcará. Aliás, que nome curioso! Porquê Carcará? Sempre achei que era um nome pejorativo, pois acrescido de sanguinolento, era assim que Major Bentes e Demóstenes, da novela Fera Ferida, se referiam a Flamel (Edson Celulari) para o ofender. Porquê baptizar com tal cognome tal projecto?
Nesta novela, as interpretações que menos gosto de ver, são, sem dúvida, a do casal Eduardo e Débora. Não me convencem. Talvez não ajude que toda a situação que os dois vão viver seja previsível e até já vista antes. Mas são as fracas interpretações que, a meu ver (e até agora) não dão mais interesse às suas histórias. Afinal, quase tudo pelo menos uma vez já foi feito antes. A história entre os dois tem muito interesse em termos de desenvolvimento. Os dois a apaixonarem-se e a descobrirem as suas semelhanças pelas diferenças dos ex-conjugues, a afinidade que promete ser mais sólida que as relações anteriores que, afinal, estavam cheias de defeitos… só que, para mim, não sinto essa projecção nas interpretações. São banais. Perdoem-me os actores, com quem simpatizo, mas é a impressão que me dá.
Gosto de ver os “coadjuvantes” das personagens principais, a Suzy e o Raul. Ela então, é uma delícia. Com aquela voz tranquila, diz as maiores das barbaridades a nível de vaidades e preconceitos, com um jeito natural que quem a escuta, quase não percebe a conotação crítica e exigente que tem. É por este tipo que os homens caiem! As espertinhas.
Quando digo que Beleza Pura foge a certos clichés, falo, por exemplo, do facto de Norma ter denunciado a presença não autorizada de Guilherme nas ex-instalações de trabalho e este, ao invés de desconfiar dela apenas por um instante para logo de seguida se redimir em desculpas e arrependimento ou depositar uma fé cega na amizade dos dois, fica desconfiado e não muda de ideias. Outro exemplo é Joana descobrir na presença de Guilherme a sua culpa no acidente com o helicóptero e sair a correr, sendo seguida por este. Ao invés dela conseguir entrar no táxi e ele ficar a lamentar não a ter conseguido alcançar, como é cliché acontecer, Guilherme alcança-a e os dois, voltam a fugir ao cliché ao não se separarem após a troca de mais umas palavras intepestivas. Ao invés, ele a leva no carro e os dois conversam de seguida, no apartamento. São situações que, muito facilmente podiam cair nestes clichés, mas Beleza Pura parece se esquivar deles. Ainda bem.
3 FEED-BACK -DEIXE OPINIÃO:
Não haverá 3º versão de Ciranda de Pedra, a Globo irá parar de produzir novelas de épocas aqui no Brasil, pois as 2 últimas (Eterna Magia e Desejo Proibido) foram um enorme fracasso
Agora Ciranda de Pedra está consseguindo ter audiencia pior que as 2
uma pena...
Quanto ao uso do nome "carcará", a palavra por si só não tem conotação negativa, trata-se de um falcão típico do brasil. A expressão "carcará sanguinolento" foi popularizada pela novela "Roque Santeiro" na década de 80.
Espero que não acabem com as novelas de época. São as minhas preferidas.
laura caçoeiro
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