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sexta-feira, 10 de junho de 2022

REMAKE PANTANAL

 

Está no ar na SIC, no "belo" horário da meia-noite. 

Ao contrário do que pareceu ser a previsão de uma maioria, aquando a notícia de que a Globo ia fazer um remake da clássica Pantanal (Manchete) não achei que ia "estragar um clássico". Não achei que ia fazer pior e falhar. Temi, no máximo, que não conseguisse desligar-se daquele "padrão Globo" - que faz todas as personagens parecer que sairam de um salão de beleza e enquadra os planos de uma história quase sempre da mesma maneira. Tirando esse temor, achei que podia dar certo. 

Depois começou a debater-se qual versão seria melhor. Mais uma vez, impor que uma tem de ser melhor que a outra, não faz sentido. Comparações são naturais de surgir. Preferências na forma como se mostra uma cena ou um ator interpreta uma situação. Mas definir que só uma pode ser boa é muito limitado. É a mesma história, mas recriada em épocas distintas. Ambas podem ser boas. 

E não é isso que se quer? Ter uma história bem contada?

Romeu e Julieta, Amor e Preconceito - há histórias contadas vezes sem conta e não é por isso que perdem para o seu original - perdido no tempo. 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

A primeira impressão começa pelo genérico (abertura). Gostei. Recorre à tecnologia que não estava disponível na altura, é todo digital mas está ali escarrapachado o Pantanal que a história quer contar. Pegaram a música do grupo Sagrado Coração da Terra - Pantanal, deram uma re-leitura e temperaram as imagens com essa melodia. Está bem feito. Não temos mais a mulher nua a virar onça - mas não tem importância. Está um genérico contemporâneo. Qual o melhor? Mais uma vez, essa questão não faz sentido. São ambos bons e cada qual pertence ao seu tempo. Se for a ponderar todos os "ses" - vou dar mais valor ao primeiro. Porque TUDO na primeira novela foi mais DIFÍCIL de fazer. Foi um trabalho pioneiro, arriscado, desconhecido. Filmar no Pantanal? A Globo recusou a novela por isso. Portanto, nada nem ninguém pode retirar da Manchete e da novela de 1991 esse marco, essa conquista. 

Se para a versão de 2022 muitos atores lutariam para ter um papel nesta novela, é porque ela já vem com o rótulo de "vencedora". Mas em 1991 ninguém fazia a mínima ideia de como a novela ia singrar na opinião do público. A verba era reduzida. O patriocínio difícil. O amor à arte, a visão de um realizador, o acreditar com paixão na história, o empenho de actores - levou-a para a frente.

Preocupações que não existiram para a versão de 2022. 
A novela mais recente já sabe que vai ter um guião de sucesso. Tem até as cenas todas filmadas, a posição das cameras e dos atores em determinados momentos - que já constatei ser, em muitos casos, um copy-paste das decisões tomadas pelos realizadores há 31 anos. 

Trinta e um anos gente! Nossa! O tempo voa!

Nesse tempo, o que realmente quero saber é COMO ESTÁ O PANTANAL?

Se na altura já se falava na importância de preservar aquele refúgio ecológico, o que lhe aconteceu nesse tempo?

Pelo pouco que a nova versão mostra da zona, sinto-me desapontada. Não vejo o esplendor, a peculiaridade da natureza. Vejo mato. Igual a mato em qualquer outro lado. Aquela cena fantástica que o Jaime Monjardim nos mostrou no seu "Pantanal", da ponta do barco a cruzar as águas e subitamente as cores das mesmas vão mudando para o vermelho, laranja, amarelo, dourado e transparente, até bater no areal... não vejo mais. 

Não vejo as garças a voar. Não vejo o crocodilo a espreitar nas águas. Não SINTO a presença da natureza nesta segunda versão da novela. Em imagens filmadas do céu, sim, dá para perceber a magnitude da área. Mas rasteirinho.... nada. Tudo seco. Sem vida. 

Numa cena em que Juventino diz ao pai que quer ir visitar o Ninhal - este lhe responde que o ninhal ainda existe mas não é nada daquilo que era há uns anos. Juventino pergunta como era antes. E a descrição é mais grandiosa. 

Sinto que este diálogo representa a realidade do Pantanal, 31 anos depois do que já foi uma altura de alerta máximo e consciencialização. 

Isso é triste. 
............

Voltanto à novela, acho que tem momentos chave em que a escolha fica aquém do impacto do original. Vi a cena em que Juma rouba as roupas de Jove e Guta. Essa cena, que impunha alguma nudez, parece ter recebido um grau de censura maior. Ficou muito fraquinha. Não que quisesse ver os atores nus - queria mais autenticidade nessa nudez. Queria sentir o embaraço de Guta - ao invés disso estava bem desembaraçada. Queria perceber o interesse de Juventino com um plano próximo de rosto e um certo "olhar". Queria perceber que Guta nem se deu conta disso. Mas nesta versão ela até brinca que sabe muito bem porquê ele rondava a casa de Juma. Jove até lhe pergunta se ela está com ciúmes. 

O que sinto falta nesta versão são esses detalhes que enaltecem o sentimento vivido na altura. O olhar, a cumplicidade, o embaraço. Não basta reproduzir com detalhe a posição com que o casal faz amor nas águas e conversa à beira-rio. O que importa é a forma como essas emoções nos são transmitidas.

Outro exemplo no episódio 30 é quando Leôncio, que viajou a negócios, recebe no hotel um telefonema da fazenda. Na primeira versão, sempre me surpreendi porquê o actor decidiu entrar "em pânico" assim que foi pegar o telefone. Ele próprio diz: "desembucha logo! Aconteceu alguma coisa com o meu filho?" - parece que estava a adivinhar. Agora percebo. Ele SABIA que só algo muito grave ia fazer com que a fazenda o contactasse. Logo, ele ADIVINHOU. A sua preocupação anterior com o filho em ir sozinho para o Ninhal e aquele telefonema... ele ADIVINHOU.

Nesta versão faltou esse "pânico", essa certeza que não queria ser confirmada mas vai ouvir o que receia, o horror nos olhos do pai que perdeu seu pai sumido nas matas e agora perdia o filho da mesma forma... A dor, o trauma a regressarem ao coração e à emoção. 

E eu que nem gostei muito da interpretação do Leoncio original, vejo agora que aqui ele foi precipitado mas entendeu bem o seu personagem. 
 

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