Portuguesa na sic
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Depois temos outras características, que já entram na parte da história, que
fazem certas personagens sobressair. Não posso neste aspecto deixar de fora Paulo Azevedo, o rapaz sem mãos. A sua personagem está inserida perfeitamente na história, não é explorada pela condição mas ao mesmo tempo, não deixa de ser uma mensagem que está a ser transmitida. Ali está, uma pessoa normal, que faz o que os outros fazem, com a diferença de não ter mãos e ter de adaptar-se a isso. A primeira cena em me lembro de vê-lo aparecer é quando vem a conduzir uma «moto quatro». Depois, banalmente, vai a um café e
juntamente com a sua mãe, maníaca por pastéis-de-nata (não há nada mais português também, em termos de confeitaria!) e põe-se a comer um. E assim, acaba o mistério para quem não imagina como uma pessoa sem mãos consegue levar um bolo à boca para o trincar.
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Ainda temos a parte Castelhana. Que estou a adorar ver. É para onde se inclina o meu maior elogio: para a história. Tão portuguesa! Com forcados, pastéis-de-nata, Alentejo, Castelhanos, África, retornados e claro, imagens paisagísticas de referência geográfica portuguesa: a urbana Lisboa, com o Saldanha em destaque, e as pontes sobre o Tejo. Só falta mesmo um pouco de fado e então teremos tudo. Tudo da identidade de um povo pelo passado e pelo presente.
Ponho-me a imaginar a novela a ser exportada. Há que apostar nisto. No
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Se esquecida estava da dita “pendenga” entre portugueses e espanhóis, da rivalidade de há séculos atrás, do tempo dos Mouros e de Viriato, dos reis e das rainhas, (ups! Por lá ainda é assim…) um pouco deste nosso passado regressa ao colocarem na historia este aspecto da actualidade: as propriedades no Alentejo adquiridas por espanhóis. Facto.
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Na trama temos «Mercedes», a castelhana que se introduz na família tradicional alentejana por casamento, para conseguir se apossar das terras. Fez-me sentir orgulho (desculpem, é verdade) estar a ver esta parte da novela e, subitamente, aperceber-me desta característica do povo português: a capacidade de entender os outros na sua língua. Lá estavam as personagens, a dialogar em espanhol, e não precisamos de legendas. Nem legendas para o espanhol, nem para o português do Brasil, nem para o português com sotaque africano. Nada. Lá vamos entendendo tudo. Mas imagino que, a passar no Brasil, precisariam traduzir a novela inteira. Pela falta de costume em ouvir outras línguas e sotaques.
Agrada-me que falem dos forcados. De certa forma, vem a enaltecer o sangue português. Deve ser uma tradição do conhecimento de poucos. Quem sabe que em Portugal, apanham-se touros pelos cornos? Há que dizê-lo: há, valente!
Touradas em si, com aquela coisa de espetar o animal, não é bem algo que me cative. Se bem que me lembro de ter apreciado uma, uma vez, pela televisão, há muitos anos atrás. Os movimentos de mestria do cavaleiro e da montada mais a personalidade admirável do touro, levou para aquele espectáculo algo belo. Beleza como se encontra num bom ballet, num bom filme, num bom livro. É uma tradição, tem o quê de respeito, embora não pare para ver. Também lembro de achar aquilo triste, com o animal ensaguentado, a ser ferido, meio manso, com ar de quem quer ser deixado em paz, a ser forçado àquilo, e achar que os homens são inseguros ao ponto de precisarem disto para se sentirem de valor.
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Touradas em si, com aquela coisa de espetar o animal, não é bem algo que me cative. Se bem que me lembro de ter apreciado uma, uma vez, pela televisão, há muitos anos atrás. Os movimentos de mestria do cavaleiro e da montada mais a personalidade admirável do touro, levou para aquele espectáculo algo belo. Beleza como se encontra num bom ballet, num bom filme, num bom livro. É uma tradição, tem o quê de respeito, embora não pare para ver. Também lembro de achar aquilo triste, com o animal ensaguentado, a ser ferido, meio manso, com ar de quem quer ser deixado em paz, a ser forçado àquilo, e achar que os homens são inseguros ao ponto de precisarem disto para se sentirem de valor.
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Já a parte que inclui os forcados, sempre foi mais apreciada pela maioria. É puro «mano-a-mano». Nunca ninguém sabe o que pode acontecer. Ali está: Homem e touro. Homem e Besta. Frente a frente, olhos nos olhos. E cornos pontiagudos enfiados numa força bruta e de peso, a vir em velocidade de galope na nossa direcção. Até para imaginar é preciso ter chegado perto de um animal deste porte, para compreender que sensação poderá ser esta…
Em termos de direcção, a novela também vai bem. Tem falhas. Se calhar, muitas delas devidas a pressa, a prazos, que sei eu? O que mais me custa são as coisas do costume… aquelas, que não me descem pela goela. Quando se discute (assimilem isso de uma vez por todas), as pessoas mexem-se! Movimentam o pescoço, saiem do enquadramento, para ser mais específica. Ver pessoas a discutir sem a cabeça mexer já é mau, mas vê-las discutir sem sair do lugar, sem o corpo assumir uma determinada postura ou movimento, é mau também. Em diálogos longos então, é terrível. Uma mãe que vê a filha a apontar uma caçadeira a outro filho a meio de um jantar, não permanece sentada na cadeira o tempo todo. Mesmo depois da filha sair do local, ela não desabafa «Ai, meu deus», ainda sentada na cadeira diante da mesa. Não é geneticamente possível.
Se você teve paciência para ler este texto até ao fim, não fique por isso. Deixe o quê da sua opinião. Tem uma, não?
Cumprimentos!
8 FEED-BACK -DEIXE OPINIÃO:
Uma pergunta: até brasileiros podem participar do manifesto contra o acordo ortográfico? Obrigado!
Caro Juscelino:
Na questão da petição para a qual mantenho o link no blog, é pedida a introdução do nº de Bilhete de Identidade Português, sem o qual a assinatura não é validada. Se não tiver um, não consegue assinar.
Isto significa que a petição quando foi escrita dirigia-se à sondagem da opinião do povo português, com o objectivo da opinião do povo chegar ao conhecimento do Presidente da República Portuguesa. Também confere à iniciativa rigor e seriedade.
É claro que qualquer pessoa com conhecimento da língua pode formar uma opinião e com ela ser a favor ou contra o acordo ortográfico. E fazer ouvir a sua voz. Aqui está um motivo para se fazer um censo.
Pode esclarecer dúvidas ou pedir esclarecimentos (quiça para dar início a uma petição no Brasil) através do endereço que eles disponbilizam no final da página: manifesto.lingua.portuguesa@gmail.com
Afinal, a nossa língua é um assunto sério.
Cumprimentos.
Não gostei da novela. Os actores parecem que não estão á vontade no cenário.
Laura Caçoeiro
Estou em desvantagem em relacção às novelas portuguesas. Não vi nenhuma desde Olhos d´Água. Pelo que não sei o que foi feito entretanto e o que o autor já deu ao público.
Também não gosto dela em muita coisa, mas reconheço-lhe conteúdo. A história TEM história. As interpretações, é o que se sabe... o casal romântico não tem qualquer empatia. Mais um sem química.
O Diogo está bem, mas não perfeito. A Joana não convence como advogada, nem nenhuma das outras moças, que me parecem todas iguais. Gosto de ver o actor que não tem pernas e braços. Ás vezes está melhor em cena que os outros mas também longe da perfeição.
A novela tem história e até tem melodia. E a história é o que importa no caso das portuguesas. Porque relevamos outros pormenores.
Já com as brasileiras, «papamos» tudo, do pior que há, porque eles até fazem aquilo bem e tal...
Cumprimentos
Não consigo ver. Gosto da série portuguesa "Conta-me como foi", os actores portugueses são optimos e fazemos também bom teatro. Mas no que toca a novelas não há nada como as brasileiras. Que pena a Globo ser escrava da SIC em Portugal.
O "Conta-me" conquistou-me logo à primeira. É feito pela mesma gente que faz "Podia acabar o mundo".
É a melhor produção portuguesa nos últimos anos. E mexe tanto conosco, as nossas origens e identidade... cá está: tem história.
E depois reconhecemos nas personagens e pelo cenário, coisas que fizeram parte do nosso quotidiano. As paredes, os rodapés, os interruptores de luz, o rádio, os copos de vidro, etc e por aí adiante.
Ainda está a decorrer uma petição: http://www.petitiononline.com/seriertp/petition.html para se ver a série em dvd.
A vida tem destas coisas. Não é que a novela da SIC Podia Acabar o Mundo têm audiências vergonhosamente baixas? Ainda por cima tendo em conta o tratamento VIP que teve desde o início, com chamadas de atenção e horários certinhos. Gostaria de saber se a SIC vai ser coerente e mandar a sua novela para o lixo, faltando ao respeito a todos os que a fizeram e aos (poucos) que a veêm, como fizeram com a novela Ciranda de Pedra (esta, curiosamente, de grande qualidade). Ou então podem arranjar um novo horário mais adequado à fraca audiência. Que tal por volta das 4 da manhã, para obrigar os fans a levantar-se de madrugada ou a programar os gravadores?
Concordo com o dono do Blog quanto à falta de movimentação em cenas onde é necessário fazê-lo.
Para um comentador: qual é o problema das novelas da Globo serem transmitidas pela SIC?
São de facto excelentes e devem ser vistas e apreciadas independentemente de quem as transmite.
Na novela "Podia acabar o mundo" existe alguma qualidade e alguns bons actores como é o caso do Diogo Morgado.
Tudo numa novela é importante (história, representação, realização, cenários, etc.) para que possa ser considerada um produto de qualidade.
Parabéns pelo Blog.
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