Deixem-se envelhecer, por favor
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Gosto de rostos simples. Naturais. Quando vejo algo, ainda que ligeiramente retocado, fico sempre com a sensação de estar a olhar para algo errado. Atenção: não é uma condenação, mas um gosto pessoal.
Noutro dia estava a ver de relance a novela 7 Pecados e eis que deparo com Cristiana Oliveira. Mas tive dificuldades em reconhecê-la. Centrei a atenção nos trejeitos mas foi a voz que a denunciou. O seu rosto mudou totalmente. Talvez não tenha sido por acaso que a câmara ficava pouco tempo nela.
O problema é que a juventude é sempre bela e quando o rosto perde esse esplendor, á quem procure recuperá-lo. Muitos se julgam até, melhores do que nos seus jovens anos. Sei que Cristiana (coitada, calhou ser o exemplo) disse à impressa gostar mais do seu corpo agora. Claro, compreendo: quem retoca algo que lhe incomoda, sente-se melhor e aumenta a auto-estima.
Estava a pesquisar material para um próximo tópico e deparei-me com uma coisa já rara de encontrar: fotografias de actores naquela fase em que as rugas começam a definir os seus traços. O que existe são imagens dos mesmos quando jovens e depois, já de rosto todo puxado e repuxado. A fase intermédia, muitas vezes desaparece ou nem chegou a existir.
O que prefiro? As intermédias. As imagens que mostram três rugas de expressão em cada lado do rosto quando se sorri, as ondinhas na testa, os papos nos olhos.
A meu ver, cada fase da vida tem o seu esplendor. E é essa a razão que me faz apreciar a naturalidade. Por outro lado, por vezes os anos são um tantinho cruéis com a fisionomia. Reparei nisso ao ver o desempenho de Débora Duarte em «Terra Nostra». Todos os seus traços (e trejeitos) pareciam de pura vilãnice e no entanto, era suposto estar a interpretar uma doce senhora. Contudo, (talvez melhorado aqui e ali, ou não, não sei), adoro o rosto de Laura Cardoso. Tem esplendor!
Laura faz muitos papéis secundários e um de maior destaque já lhe é devido. Será que a sua participação em Desejo Proibido como parteira, poderia ter sido um papel de destaque, como o de D. Cândida, caso o seu rosto fosse tão puxado e repuxado como o de Eva Wilma?
Depois temos actores na casa dos 50 anos ou quase, a interpretar papéis de jovens. Actores como o recém-aniversariante Claúdio Fontana, de 46 anos, que é o pretendente à mão de uma das filhas de Natércio e Laura, em Ciranda de Pedra. Já em 1994, na novela Fera Ferida, portanto, há 14 anos, o actor fez de mocinho. O mesmo para Edson Celulari, de 50. Outro “jovem” em Fera Ferida, que faz de Guilherme, em Beleza Pura. Já as actrizes suas coadjuvantes, Giulia Gam e Débora Evelyn, como mulheres não têm tanta sorte. Não fazem papéis de mocinha com tanta facilidade.
Tem uma coisa a favor deles: não escondem a idade. Ou por não conseguirem esconder e mais vale assumir, ou por vaidade de não a aparentarem.
A eventualidade de um actor (principalmente actriz) ver um papel a lhe ser recusado por não parecer jovem, deve ser factor crucial para a decisão de irem tantas vezes à faca. Os artistas que dependem da imagem, parecem ser os primeiros a escolher o caminho da cirurgia estética, dos liftings ao rosto, do ácido dérmico, das técnicas não evasivas ou não cirúrgicas estéticas.
Não recrimino os melhoramentos estéticos. Mas a coisa parece estar a descambar para o extremo. Quase desaparece a herança genética de cada um. O abuso é uma faca de dois gumes. Ao elevar-se a barra para a perfeição da eterna juventude, almeja-se o impossível. Viver em constante auto-censura com cada centímetro de pele do corpo acaba prejudicando a auto-estima.
Não deve ser fácil.
O que o espectador por vezes não entende é, que ele é igual aquilo que vê. http://veja.abril.com.br/140704/p_084.html)
http://veja.abril.com.br/120303/p_088.html
http://marieclaire.globo.com/edic/ed108/rep_angela1.htm
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080307043734AAcOm4Q&show=7
Escreva dando a sua opinião e aponte exemplos.
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Não sou contra as operações, desde que não tire a expreção das actrizes como aconteceu com uma brasileira que tinha cara de cera.
Também começa a ser rídiculo uma actriz ainda moçinha fazer novela com dois actores que podiam ser seus páis. Nada contra amores com grandes diferenças de idade, mas podiam começar a da lugar aos actores mais novos, senão temos sempre os mesmos a fazer os mesmos papeis.
Laura Caçoeiro
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