O que é uma Grande NOVELA?
O canal Globo está a reprisar tantas novelas de "antigamente" que fica desinteressante acompanhar qualquer uma. Contudo, existiram algumas que revi. Interessante que, a partir de uma certa altura, não tinha mais paciência para esperar pelo próximo capítulo e decidi continuar a acompanhar a novela nos sites online que as disponibilizam.
Com isso faz uns dois meses que terminei de assistir a "Tieta", enquanto no canal esta novela ainda vai no episódio 117.
Outras novelas em exibição no canal são "Sinhá Moça" de 2006, "Avenida Brasil", Esplendor, Mulheres de Areia, Laços de Família e o seriado A Casa das Sete Mulheres. Tudo produção reprisada. No ar com produto atual estão as novelas Dona de Mim e o remake de Vale Tudo.
Desta (surpreendente) lista estou assistindo a ZERO.
Interessante como novelas que foram um mega sucesso numa certa altura, quando rerpisadas não me despertam interesse. "Carminha" e todas as maldades de "Avenida Brasil" foram interessantes de acompanhar na altura. Mas pensar em rever tudo aquilo não desperta qualquer interesse. Ver episódio atrás de episódio, com todas as suas "barrigas" e as histórias paralelas mais as que se arrastam pela trama... NÃO.
O ritmo da vida mudou. Os hábitos de consumo alteraram-me. Esperar que uma pessoa fique a ver um capítulo inteiro incluindo as partes que não lhe interessam e fazer isto todos os dias, "dedicando" uma hora do seu tempo a isto, que incluiu intervalos publicitários, é de "doidos". Já quase ninguém consome um produto audio-visual desta maneira.
Sempre tive visão do futuro... Quando, na década de 90, utilizava o meu vídeo-gravador para depois ver os programas que me interessavam, quando tivesse tempo e vontade - é simplesmente o que as redes sociais hoje impoem como norma. Algo que eu já fazia 30 anos atrás.
Mas a verdade é que o produto "televisão" tem de se re-inventar. E nele, o grande trunfo que a "novela" um dia já foi precisa de se adaptar aos novos meios e formas de consumo.
NOVELAS a que assisti por ter vislumbrado suas reprises no canal?
Roque Santeiro e Tieta.
E valeu a pena.
Existe algo nestas novelas que não as fazem desinteressantes. Nem pelas histórias paralelas. Tudo flui num bloco sólido que mantém o interesse e diverte. São novelas que recorrem muito ao humor. Ao exagero. Foram feitas com mestria e com interpretações talentosas que transbordam de informação sublimar. Chegam aos episódios que quase atinge o número 200 e uma pessoa quer mais. Podia ver mais. Não cansou. E vai sentir saudades.
ISSO é uma boa novela.
Para mim estas produzem esse efeito "hipnótico" e gostoso de assistir. Para outros, talvez de outra geração, essa capacidade pode estar numa destas novelas referidas acima. Quem sabe?
Até Mulheres de Areia, que é relativamente da mesma altura das outras não me desperta qualquer interesse em assistir. A história em si não me chama. Existia muito drama e pouca comédia talvez. Talvez esse seja um fator importante? É uma boa história mas como tantas outras assiste-se uma vez e basta.
Roque Santeiro podia voltar a ser exibida agora que voltaria a ver do princípio ao fim sem me incomodar.
Outra novela que o canal já reprisou e que na altura em que passou originalmente eu adorava ver foi "Barriga de Aluguer". Porém, quando reprisada não me despertou vontade de assistir. Tem muita barriga, muita história paralela, muita demagogia. Sim... demagogia. Aquele núcleo do hospital, o eterno debate entre o certo e o errado... Lembro dela com muito carinho - ainda detesto a Clara e não posso ver uma cena com ela que só me apetece dar-lhe um par de estalos na cara (ahah). Miúda egoísta até mais não, mimada, alucinada, invejosa, mau carácter e muito, muito ingrata. Decobri pelo pouco que vi que ela ainda era mais cruel, mais torturosa mais irritante do que me lembrava. Ana também tinha os seus defeitos e um deles era o egoísmo sim. Mas sentia afinidade e humanidade por ela. Achava que ela estava certa e ela é que era a mãe. Não só biológica como de todas as formas. Quando se ama um filho antes mesmo dele existir, é-se mãe. Clara não teve nunca essa sensação e creio que nem depois do parto teve. Ela só era uma miúda sonhadora sim, que ia atrás de sonho sem saber como, pisando nos sentimentos do pai, irmã, namorado, amigos e sem se importar em magoar quem lhe era próximo. E amor ao filho... acho que só não queria era "perder" a parada. E como em tudo na sua vida, usava o seu sofrimento e drama pessoal para atrair simpatia, para manter amigos à sua disposição 24 horas por dia, para ter todos à sua volta como satélites e ela o SOL.
Adorei a história da Aída e do seu drama pessoal, primeiro com o marido que a traía, depois por se apaixonar pelo marido da filha. Mas se queria rever tudo isto de uma vez só? Não. Afinal, não. Mas é uma excelente novela. Com muita barriga mas excelente.
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