
Esta é, por isso, uma boa altura para fazer um "apanhadinho".
Acho que o melhor desta novela é mesmo a história. É difícil uma novela vingar quando toda a sua atmosfera é citadina. Ela tem um bocadinho de campo através do Alentejo, mas aquilo não resulta lá

INTERPRETAÇÕES
Ultimamente tenho ponderado muito sobre a necessidade de se ter um talento especial e bem desenvolvido para apanhar um papel numa novela e entendo agora que, como em tudo, as coisas pou


Se tivesse de atribuir um globo de ouro a uma interpretação que me convence a 100%, ele vai para a menina que interpreta a Filipinha (Daniela Marques), pois considero que não e

Nas mulheres as interpretações são muito mais equilibradas. Mas nunca gostei de nenhuma das personagens do mercado. Acho todo aquele ambiente uma palhaçada retro, que não mais diverte como nos anos 80 a "Tancinha" divertia em "Sassaricando", a vender os seus melões na feira. (Também nunca lhe achei piada). É um tanto forçado e estereotipado. Não gosto de Sheila e a relação desta com Gastão nunca foi credível, até pelas interpretações. Mas o pior é que não teve nem pés nem cabeça as circunstâncias que conduziram nem à aproximação (em frente a Gastão, Sheila comportava-se com muita vulgaridade e ofendia terceiros intencionalmente, isso não condiz com o sentido de rectidão moral do advogado, que não devia confundir frontalidade com mesquinhez) nem ao afastamento (a falta de tempo entre os dois sempre existiu).
INCONSTÂNCIAS e CONCISÕES
A cena em que Ricardo se suicida na casa de Graciete é deveras pouco credível, mesmo para quem não entende nada de procedimentos médico legais ou logísticos. É que nessa mesma tarde os habitantes da casa voltam a caminhar por entre aquele espaço como se nada se tivesse passado. Ver Filipinha posicionar-se na sala no exacto lugar onde Ricardo estourou os miolos foi algo pouco credível. Mesmo que a perícia tivesse liberado a cena de crime (deduzo que suicídio é crime contra o direito à vida), é ainda mais estranho (e totalmente imperdoável) que a manta de crochet colocada sobre o sofá não tivesse sido substituída! Ao suicidar-se com um tiro em frente de Diana, o rosto da vilã foi salpicado com o sangue de Ricardo. E o restante espaço? Seria de esperar que o sofá, que estava ali mesmo ao lado do cadáver, também recebesse salpicos do impacto da bala no cérebro. Alguém teve de limpar o chão e toda aquela sujeira mas o ambiente da sala, apenas algumas horas depois, estava igualzinho! É um grande erro para a credibilidade da história.
Outra falha à qual não consigo fechar os olhos é que o café de Álvaro tinha tanta clientela que Sandra nem podia ausentar-se muito tempo sem fazer falta. Achei exagerado que fossem precisas duas pessoas para estar ali a trabalhar, mas a história reforçava que havia muito trabalho e ambos os empregados se desdobravam a atender os clientes. Logo que Sandra sai para o Alentejo, a clientela ficou reduzida de 0 a 1 pessoa por cena! A miúda devia ser o amuleto da sorte de Álvaro, que logo a seguir deixou de ter dinheiro para pagar ao empregado César. Mas até então andou a pagar dois ordenados sem se queixar... É muito irrealista e fica-se com a sensação de que era preciso justificar a presença de Sandra em Lisboa, então inventou-se que a rapariga era indispensável ao café. Mas não fez sentido.

Por outro lado adorei as cenas de tribunal, onde Diana é julgada. Achei toda a dinâmica entre os advogados e o juíz credível e, entre tantas cenas de tribunais que já se viram serem representadas em televisão, julgo que o telespectador este diante da mais bem feita de todas. Não foram nada de excepcionais mas foram por isso mesmo muito credíveis. E acreditei em todo o diálogo trocado entre os advogados e a condução da audiência feita pelo juíz. Nunca fui a um tribunal assim, mas acredito ter, pela primeira vez, visto uma representação muito fidedigna do que se passa neste tipo de ambientes.
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