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domingo, 16 de novembro de 2008

O sucesso infeliz

Já repararam que, na ficção, temos o núcleo pobre e o núcleo rico. Os ricos são infelizes e aos pobres, ou mesmo miseráveis, como a família de Céu, em a Favorita, e tantas outras das novelas, resta-lhes a alegria e o amor dos familiares. Que tanga!!
Na novela "Baila Comigo", por exemplo, temos os gémeos Quim e João Victor (Tony Ramos). O que ficou com o pai foi criado na riqueza. É taciturno, sério, fechado, dá-se mal com as mulheres. Parece triste e infeliz. O irmão criado com a mãe, pobre, é super divertido, tem muitos amigos, é alegre, bem disposto etc. Queixa-se da falta de dinheiro mas tem sorte, porque tem saúde e é feliz. Que tanga!!
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Estes conceitos são repetidamente introduzidos no nosso subconsciente, de tal modo que acreditamos nesta permissa. O dinheiro não traz felicidade. Isso é tão verdade, que nem o desejamos ter em grande quantidade. E assim se cresce... só que a ilusão vai desvanecendo e um dia, dissipa-se o nevoeiro e percebe-se que não é bem assim. A felicidade nada tem a ver com muita coisa, mas dinheiro também não amaldiçoa ninguém. Ao contrário: proporciona um certo bem estar, que se traduz em melhor condição de vida. Em suma: a infelicidade não é exclusiva dos ricos. A felicidade também não é exclusiva dos pobres.
O perigo das novelas são estes conceitos taxativos, que se infiltram no subconsciente assim, aos poucos...
É por essa razão que gostamos tanto de saber das misérias das celebridades.
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Esta semana vi alguém definir o "ser fã", como um misto de admiração e inveja. Se calhar, acertou na muche. E é por essa razão, que muitos gostam de saber que as celebridades sofrem. Vai mais de acordo com a mensagem implementada no subconsciente pelas novelas. É por essa razão que, segundo consta, Júlia Pinheiro (apresentadora de Tv) terá comentado sobre o divórcio de Maddona: "É rica, bonita, sabe dançar, alguma coisa de mal também tinha de lhe acontecer, não pode ser só coisas boas" .
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E sabemos lá nós se a sua vida é tão boa assim? Tenho as minhas dúvidas sobre o facto do divórcio ser a única coisa que lhe veio perturbar uma sucessão de acontecimentos todos agradáveis. O comentário, feito por quem, deste ponto de vista, também não tem o que se queixar da vida, não deixa de revelar o tal "tanto" de inveja, que a maioria tem pela vida em grande.
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Volto à sessão de autógrafos de Maitê Proença. A sua presença em Portugal não foi divulgada com antecedência mas, após a sua passagem, a maioria das revistas cor-de-rosa acaba sempre por dedicar uma nota, ou uma página, à questão. Em todas as que vi, não deixam de mencionar o mesmo. Aquilo que já se sabe desde o início da década de 90, mas que continua a ser útil para falar sobre a vida da actriz: o assassinato na família, o aborto etc.. Temas sempre sensíveis, que, por mais divulgados que já tenham sido, continuam a ser aqueles que preferem mencionar.
É a tal história de querermos que as celebridades sofram. Para que não tenham tudo, será isso? Para que não tenham fama, dinheiro e felicidade. Sabe-nos bem, achamos que o universo equilibra as coisas dessa maneira. Coitada de Maitê... o povo até é simpático, porque lhe agrada, de certa maneira, que a tragédia faça parte da vida das grandes celebridades.
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Tragédias, temos nós todos, cada um vive as suas. Uns mais que outros. A diferença, para o público, é a celebridade. Que interessa se o vizinho de cima teve várias tragédias pessoais na família? O marido matou-se, o filho também, a filha contraiu uma doença grave e ficou imobilizada para o resto da vida, a pensão não chega para as despesas, falta o que comer, a mulher que leva tudo ás costas ficou desempregada e vive de biscates... aposto que quem estiver a ler estas linhas conhece ao menos um caso assim. E então? Porque nos enternece mais a tragédia de uma celebridade, quando temos as anónimas, todos os dias, há nossa volta?
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Porque o pobre não é célebre... e, segundo as novelas, é rico em tudo, menos dinheiro.
Que tanga...

2 FEED-BACK -DEIXE OPINIÃO:

Anónimo 1 de dezembro de 2008 às 10:26  

Porque pobre gosta de ver outros pobres felizes! E gosta de ver que o dinheiro não é tudo...
Várias pessoas já o disseram: o que vende mais nas revistas cor-de-rosa são as desgraças. As pessoas gostam de saber que as actrizes têm muito dinheiro mas não são felizes.


Eu cada vez mais aceito que o dinheiro é parte importante da felicidade. Pode não ser tudo, mas é importante.

Laura Caçoeiro

novelista 1 de dezembro de 2008 às 14:37  

Bons olhos a "leiam"!

É um facto: em novelas o pobre dá sempre graças a Deus por ser assim, mas feliz. Num recente episódio da "Favorita", assim o dizia a mulher de Copolla, ao comparar a sua família ao núcleo MILIONÁRIO da novela. E o mesmo disse Donatella, queixando-se que o dinheiro não lhe trouxe felicidade.

Não é bem assim e penso que as novelas subvertem determinados valores, enobrecendo alguns em deterimento de outros.

Tudo isto é muito bonito quando somos jovens adolescentes cheios de ideais, concordamos que dinheiro não traz felicidade. Mas depois vem a necessidade, o trabalho árduo que não rende muito, doenças, etc, etc...

Aí compreende-se melhor para quê serve ter muito dinheiro. Não é para viver na borga, sem fazer nada. É para viver bem.

E sim, cada vez mais compreendo que o dinheiro é parte importante da felicidade. As novelas ainda não aceitam isso.

Nem Donatella!

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